São Paulo investe R$1,4 bilhão na Baixada Santista

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Conhecido como Programa Onda Limpa, a principal iniciativa da Sabesp pretende beneficiar cidades litorâneas da baixada, garantindo saneamento básico
para cerca de três milhões de pessoas, na alta temporada

O Programa Onda Limpa é considerado o maior projeto de recuperação ambiental do litoral brasileiro. No total, a previsão de investimentos, na Baixada Santista, é de R$ 1,4 bilhão. Estão previstos outros R$ 500 milhões para o desenvolvimento de programa semelhante no Litoral Norte.

O programa ampliará de 53% para 95% o índice de coleta de esgoto e tratará 100% do que for coletado. Serão beneficiadas três milhões de pessoas, entre população fixa e flutuante, das cidades de Santos, São Vicente, Praia Grande, Guarujá, Itanhaém, Peruíbe, Mongaguá, Cubatão e Bertioga.

De acordo com o engenheiro José Luiz Salvadori Lorenzi, superintendente de Gestão do Programa de Recuperação Ambiental da Baixada Santista e responsável pelo Onda Limpa, "a conclusão das obras está prevista para dezembro de 2011, mas boa parte delas, como as estações de tratamento de esgoto e estações de pré-condicionamento, já está funcionando, desde o início de 2010".

Em 2008, foi lançado o Programa Onda Limpa Litoral Norte, que beneficiará 600 mil pessoas nos municípios de Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba. Até 2015, o programa elevará o índice de coleta de esgoto da região de 35% para 85%, tratando 100% desse total.

Entre os benefícios desses programas, destacam-se os seguintes: recuperação da balneabilidade das praias; incentivo ao turismo, à geração de empregos e renda na Baixada Santista; redução do número de internações por doenças de veiculação hídrica; e redução dos índices gerais de mortalidade, especialmente o de mortalidade infantil.

O total de investimentos do Onda Limpa para a Baixada Santista (R$ 1,4 bilhão) advém tanto de recursos próprios da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) como de financiamentos obtidos junto ao Japan International Cooperation Agency (JICA) e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O montante disponibilizado pelo BNDES – R$ 424 milhões – tem vínculo com os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.

Obras

A realização do programa pressupõe dois tipos de obras: lineares (redes coletoras de esgotos, os coletores tronco, as linhas de recalque, os interceptores, os emissários, as estações elevatórias de esgotos e as ligações domiciliares de esgotos) e localizadas (estações de tratamento de esgotos e as estações de pré-condicionamento de esgotos). As lineares já estão com 58% das obras realizadas; e as localizadas já foram 100% concluídas.

Entre os destaques do programa, Lorenzi coloca a tecnologia aplicada na execução do emissário submarino de Praia Grande, ainda inédita no Brasil em obras desse tipo (leia, nesta edição, matéria especial sobre o assunto).

As principais obras do Programa Onda Limpa são:

– Sete estações de tratamento de esgotos (ETE), com capacidade total para 1.621 l/s;

– Duas estações de pré-condicionamento, com capacidade total de 6.700 l/s;

– 1,15 km de emissário terrestre;

– 4,40 km de emissário submarino;

– 1.058,97 km de redes coletoras;

– 49,46 km de coletores tronco;

– 123.024 ligações domiciliares;

– 102 estações elevatórias;

– 70,66 km linhas de recalque;

– 2,2 km de interceptores;

– Seis sistemas de admissão de água dos canais (reforma);

De acordo com o responsável pelo Onda Limpa, todas as sete estações de tratamento de esgotos estão concluídas e em operação: uma em Bertioga (84 l/s), uma em Cubatão (120 l/s), uma em Guarujá no distrito de Vicente de Carvalho (480 l/s), uma em Mongaguá (240 l/s), uma em Itanhaém (372 l/s) e duas em Peruíbe(165 e 160 l/s.

O processo de tratamento de todas as estações utiliza o sistema de lodo ativado por batelada com aeração prolongada através de difusão de ar.

Emissor submarino

A Sabesp informa que já estão concluídas as duas obras de sistemas de disposição oceânica de esgotos: a estação de pré-condicionamento e o emissário submarino.

No sistema de disposição oceânica de esgotos, que atende à área insular de Santos e de São Vicente (Ilha de São Vicente), a estação de pré-condicionamento teve sua capacidade nominal ampliada de 3.500 l/s para 5.300 l/s. Diversas melhorias tecnológicas foram realizadas nos equipamentos da estação e em sistemas de controle de odores e de ruídos.

O emissário, com o diâmetro de 1.750 mm e 4.000 m de extensão, teve o seu comprimento aumentado em 400 m e teve substituído todo o sistema de difusores, onde ocorre a dispersão dos efluentes.

Na Praia Grande, já está implantado e em operação um novo sistema de disposição oceânica de esgotos. Ele possui uma estação de pré-condicionamento com capacidade nominal de 1.400 l/s. O emissário tem diâmetro de 1.000 mm e extensão de 4.000 m.

Execução das obras

As principais obras realizadas para o Programa Onda Limpa, por município, e as respectivas empresas executoras são as seguintes:

– Bertioga

Obra localizada

– 01 ETE (estação de tratamento de esgotos), com capacidade nominal de 84 l/s.

Obra linear

– 46.954 m de redes coletoras;

– 2.160 m de coletores tronco;

– 4.700 ligações domiciliares;

– 06 estações elevatórias de esgotos;

– 4.557 m de linhas de recalque.

Empresas contratadas

Obra loc

alizada: Consbem Construções e Comércio Ltda.

Obra linear: Saenge Engenharia de Saneamento e Edificações Ltda.

– Cubatão

Obra localizada

– 01 ETE (estação de tratamento de esgotos), com capacidade para 120 l/s.

Obra linear

– 29.794 m de redes coletoras;

– 3.205 m de coletores tronco;

– 5.652 ligações domiciliares;

– 06 estações elevatórias de esgotos;

– 11.112 m de linhas de recalque.

Empresas contratadas

Obra localizada = Consbem Construções e Comércio Ltda.

Obra linear = Saenge Engenharia de Saneamento e Edificações Ltda.

– Guarujá
(Vicente de Carvalho)

Obra localizada

– 01 ETE (estação de tratamento de esgotos), com capacidade para 480 l/s.

Obra linear

– 70.571 m de redes coletoras;

– 928 m de coletores tronco;

– 8.680 ligações domiciliares;

– 08 estações elevatórias;

– 5.988 m de linhas de recalque.

Empresas contratadas

Obra localizada = Consbem Construções e Comércio Ltda.

Obra linear = Saenge Engenharia de Saneamento e Edificações Ltda.

– Santos / São Vicente

Obra localizada

– 01 EPC (estação de pré-condicionamento), para 5.300 l/s (reforma e ampliação);

– 0,4 km de emissário terrestre;

– 0,4 km de emissário submarino;

– 03 estações elevatórias de esgotos (reforma);

– 0,1 km de linhas de recalque;

– 2,2 km de interceptores;

– 06 sistemas de admissão de água dos canais (reforma).

Empresas contratadas

Consórcio CNO / Carioca.

– Praia Grande

Obra localizada

– 01 EPC (estação de pré-condicionamento), com capacidade para 1.400 l/s;

– 0,75 km de emissário terrestre;

– 04 km de emissário submarino;

– 01 estação elevatória;

– 0,74 km de linhas de recalque.

Obra linear

– 171.588 m de redes coletoras;

– 8.990 m de coletores tronco;

– 28.660 ligações domiciliares;

– 13 estações elevatórias;

– 6.603 m de linhas de recalque.

Empresas contratadas

Obra localizada = Consórcio CNO / Carioca.

Obra linear = Consórcio Atlântico (Telar / ECL / Construbase).

– Mongaguá

Obra localizada

– 01 ETE (estação de tratamento de esgotos), com capacidade para 240 l/s.

Obra linear

– 189.884 m de redes coletoras;

– 7.533 m de coletores tronco;

– 23.700 ligações domiciliares;

– 26 estações elevatórias;

– 16.375 m de linhas de recalque.

Empresas contratadas

Obra localizada = Construtora Andrade Gutierrez.

Obra linear = Consórcio Jofege – Enotec.

– Itanhaém

Obra localizada

– 01 ETE (estação de tratamento de esgoto), com capacidade para 372 l/s.

Obra linear

– 277.932 m de redes coletoras;

– 16.323 m de coletores tronco;

– 24.002 ligações domiciliares;

– 21 estações elevatórias;

– 9.700 m de linhas de recalque.

Empresas contratadas

Obra localizada = Construtora Andrade Gutierrez.

Obra linear = Consórcio Delta – Araguaia.

– Peruíbe

Obra localizada

– 01 ETE (estação de tratamento de esgotos), com capacidade para 165 l/s;

– 01 ETE (estação de tratamento de esgotos), com capacidade para 160 l/s.

Obra linear

– 272.245 m de redes coletoras;

– 10.322 m de coletores tronco;

– 27.630 ligações domiciliares;

– 18 estações elevatórias;

– 15.487 m de linhas de recalque.

Empresas contratadas

Obra localizada = Construtora Andrade Gutierrez.

Obra linear = Consórcio Cesbe – Elevação.

Águas de Niterói busca aprimorar gestão de serviços

Até junho de 2008, um pedido de serviço feito à concessionária de saneamento Águas de Niterói, por intermédio de uma operadora de telefone, era anotado e colocado no final de uma pilha de papéis para aguardar a vez de atendimento e de ser levado para uma equipe técnica que realizaria o serviço.

A solução para tornar mais ágil esse sistema surgiu com o desenvolvimento e a implantação do que veio a se chamar de Módulo de Gestão de Serviço (MGS), ferramenta desenvolvida para racionalizar a programação dos serviços da concessionária – da ligação de hidrômetros ao conserto de vazamentos. A reformulação também diminuiu os custos da operação.

Em parceria com a Acqua Manager, empresa fornecedora das soluções de gestão comercial e operacional das concessões do grupo Águas do Brasil (Águasbr), o MGS foi implantado em Niterói fazendo com que a quantidade de serviços prestados por mês pulasse de 1.500 para 4.800 – um aumento de 220% – sem aumentar o quadro de funcionários.

"Esse sistema já está em sua terceira fase e, atualmente, nos permite fazer a análise completa dos serviços prestados e possibilitar a programação racional dos serviços das equipes ao longo do dia", explica Carlos Eduardo Rodrigues, diretor do grupo Águasbr.

Em constante atualização, segundo Rodrigues, o próximo passo é permitir o monitoramento total do serviço através de GPRS (sigla em inglês equivalente a "pacote geral de serviço de rádio") que, integrado ao MGS, permitirá o constante monitoramento das equipes, localizando-as geograficamente e possibilitando ganho de tempo em serviços emergenciais. Para isto, a ferramenta aplicada será o Acqua Manager GRS, gestão remota de serviços e equipes, desenvolvida para equipamentos móveis baseados na tecnologia Windows Mobile 6.0.

"Ao receber um serviço de emergência, já é possível saber exatamente onde estão as equipes para deslocá-las sem prejuízo ao restante de sua jornada de serviços", explica o diretor da Águasbr.

A melhoria de desempenho e produtividade dos serviços é, em linhas gerais, o objetivo final do sistema. O desempenho é calculado pela comparação entre o tempo de execução de um serviço e o tempo padrão do mesmo, o quanto é esperado que a operação demore. Já a produtividade é medida através de uma relação entre o somatório de tempo trabalhado e a carga horária das equipes.

A aplicação do sistema resulta em uma progressiva análise de resultados da equipe. Carlos Eduardo afirma que isso cria não só uma operação mais eficiente, mas também uma filosofia de trabalho compatível com os valores da empresa. "O MGS permite observamos quais são as equipes de Operação de Serviço mais eficientes. Se o controle implica em uma cobrança mais apurada, também há uma contrapartida. A cada trimestre, as duas equipes mais eficientes recebem bônus da empresa", lembra Carlos Eduardo.

Saneamento versus doenças

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), para cada dólar aplicado em saneamento, deixa-se de gastar cinco vezes mais em tratamento médico. Os serviços de saneamento têm incidência direta na saúde e qualidade de vida da população.

No Brasil, mais de 60% das internações hospi

talares decorrem da falta de saneamento básico e na América Latina, 30% dos óbitos são ocasionados por problemas com água contaminada.

A redução da mortalidade, em especial a infantil, é considerada um dos principais benefícios advindos da melhoria das condições sanitárias de uma população.

ETE Taubaté-Tremembé usa energia solar no saneamento

Equipamento aquece água utilizada para limpar os resíduos de cerca de 12 toneladas de lodo geradas no processo de tratamento

A Sabesp instalou um aquecedor solar na Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) de Taubaté-Trebembé, inaugurada em 8 de março, para aquecer até 55 oC a água de lavagem das duas centrífugas decantadoras e do adensador, responsáveis pelo desaguamento @ 20%pp de sólidos de cerca de 12 toneladas de lodo geradas no processo. Esta é uma inovação em linha com a sustentabilidade, pois se evita consumo de cerca de 120 kWh de energia elétrica ao mês. A energia solar é a mais limpa das fontes alternativas, pois não gera emissões diretas de gases de efeito estufa, nem resíduos durante seu uso. Cabe ainda destacar que a água utilizada é de reuso, obtida por polimento do efluente final da ETE.

O lodo contém gordura, em geral de origem vegetal e animal, difícil de ser removida dos equipamentos, que devem ser lavados diariamente por cerca de 30min. A água quente ainda elimina a necessidade de utilizar produtos químicos e, portanto, é uma vantagem ambiental adicional. Também se evita eventuais danos a componentes de borracha pela ação de químicos presentes em detergentes. O aquecedor tem capacidade para 1,8 mil litros por hora e conta com 15 coletores de 2m² cada e reservatório para 2.000 litros pressurizados a 2,5 kgf/cm². O equipamento foi instalado no telhado do prédio de beneficiamento de resíduos sólidos.

A ETE tem capacidade para 1.540 litros de esgoto por segundo e, até maio/2010, permitirá tratar 100% do esgoto dos municípios de Taubaté e Tremembé, contribuindo de forma significativa para a recuperação da qualidade do rio Paraíba do Sul, responsável pelo abastecimento de várias cidades à jusante nos estados de São Paulo, Minas e Rio de Janeiro.

A Região Metropolitana do Rio de Janeiro recebe água do rio Guandu, que tem seu caudal na maior parte formado por águas do rio Paraíba do Sul, desviadas na barragem e usina elevatória de Santa Cecília em Barra do Piraí.

Foram investidos R$ 100 milhões no sistema de esgotamento sanitário que inclui, além da ETE, nove estações elevatórias e 113 km de coletores e emissários, beneficiando 330 mil pessoas. Deste total, R$ 2,8 milhões foram recursos oriundos da cobrança pelo uso da água, obtidos junto à Agência Nacional das Águas (ANA) via Comitê Federal da Bacia do Rio Paraíba do Sul (Ceivap).

Um diferencial tecnológico relevante é que, a exemplo da ETE Lavapés em São José dos Campos, o processo de lodos ativados usa oxigênio puro, o que aumenta a eficiência e reduz a ocupação de área (pegada ambiental) para a construção dos tanques de aeração.

Pelas várias inovações, o projeto desta ETE recebeu, em 2007, da ANA/ Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas (Prodes), o prêmio como o melhor do Brasil, dentre 50 empreendimentos candidatos de todo país.

Fonte: Estadão


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