Sinal de alerta para o saneamento básico

Compartilhe esse conteúdo

Paulo Roberto Oliveira*

A infraestrutura entrou definitivamente em pauta devido à proximidade da Copa do Mundo e às condições precárias flagradas nas cidades-sede, que devem receber um contingente turístico jamais visto.


Mobilidade urbana, hotelaria, aeroportos são o foco dessa “preocupação nacional” que vem sendo externada pela mídia. O saneamento básico, em especial os serviços de água e esgoto, é tangenciado por essa pauta nacional como mais um dos problemas dessa equação complexa. O acesso aos serviços de saneamento básico é muito ruim em algumas regiões do País.


Não há dúvida de que o déficit no saneamento básico já foi muito maior. Mas hoje ainda está muito longe do ideal. Agora, com data para ser solucionado (pelo menos nas capitais da Copa de 2014), o problema da água e do esgotamento sanitário aumenta a angústia e a responsabilidade dos titulares desses serviços. E exige uma flexibilidade historicamente não exercitada pelo poder público nesse setor.


Torna-se consenso que a resolução dos graves problemas de água e esgoto no Brasil não será resolvida apenas pelo poder público. Afinal, se ele fosse capaz disso não estaríamos na situação atual. A nova lei do saneamento, editada em 2007, leva em consideração essa conjuntura e cria regras claras para a participação do setor privado na empreitada da universalização dos serviços de água e esgoto, eleita como prioridade pelo governo federal.


Não há dúvida de que houve avanços: hoje 10% da população urbana brasileira é atendida direta ou indiretamente por empresas privadas por meio de concessão dos serviços ou por contratos de parceria público-privada. Os municípios que optaram pela parceria com o privado atestam, por pesquisa, índices de satisfação do usuário muito superiores ao do período anterior à solução.


Alguns até figuram no ranking das cidades com melhor cobertura de tratamento de esgoto, processo de natureza complicada pois exige investimentos pesados em curto espaço de tempo.Enquanto os municípios e as companhias estaduais se esquivarem de enxergar esses dados e ter as empresas privadas como parceiras para levar o Brasil à universalização dos serviços de água e esgoto, dificilmente chegaremos a 2014 sem entrar em colapso. Pois não vai adiantar termos bons aeroportos, estádios exuberantes e transporte eficiente para os torcedores se não houver água de qualidade para beber e bons sistemas de esgotamento sanitário para dar conta da demanda.


Para o usuário, não importa se o serviço é prestado por empresa pública ou privada, o que vale é a qualidade, atendimento e preço justo.

*Paulo Roberto Oliveira é presidente da Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon) e presidente da Inima Meio Ambiente Brasil.


Compartilhe esse conteúdo

Deixe um comentário