Sobre a cidade ideal

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Ruy Castro, em crônica publicada na FSP de hoje, recorda entrevista  de Enrique Peñalosa, ex-prefeito de Bogotá, Colômbia, sobre o que ele consideraria a “cidade ideal”.  – Aquela em que os carros são deixados em casa, privilegiando-se o transporte público para se chegar aos centros urbanos. Ele cita os exemplos de Nova York, Londres, Zurique.

A revista O Empreiteiro deste mês publicará entrevista que fiz com o arquiteto e urbanista Jorge Wilheim, em que ele caminha na mesma direção de Peñalosa. Lembra  que o automóvel, segundo Pirandello, uma invenção do diabo, seduz pelas possibilidades que proporciona: a sensação de liberdade, de ir aonde se quer, na hora em que se quer.

E não é bem assim. Caso, em São Paulo, cidade com 7 milhões de carros, todos decidam sair de casa com eles ao mesmo tempo, haverá o risco de ninguém sair do lugar. Aliás, é o que tem acontecido, sobretudo na boca da noite, quando todos querem voltar para casa.

Hoje, algumas grandes cidades, quando renovam ou constroem grandes edifícios, para múltiplas finalidades, em áreas centrais, já os projetam com número mínimo de garagens.  É que alguns grandes centros já não são acessíveis via transporte particular.  Tenho informações de que as novas torres em construção em Nova York foram projetadas dentro dessa orientação.  Mas, um lembrete: o transporte público está ali, ao alcance da mão.

A cidade ideal é aquela cidade dos nossos passos. Mas, para isso, é necessário que ela tenha transporte público de qualidade. Assim, vale a pena deixar o carro em casa e só usá-lo segundo aquela concepção de Pirandello: com a possibilidade de usufruir da sedução que ele oferece. 

Fonte: Nildo Carlos Oliveira


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