João Kerber*O atendimento das exigências modernas de acessibilidade e intercomunicação entre aglomerados urbanos cortados pelas vias de tráfego, cada vez mais saturadas, tem demandado a construção de passagens de nível para pedestres sobre avenidas e rodovias em todo o País.São várias as alternativas disponíveis para resolver esta demanda, tanto em concreto quanto em aço. Todas estas alternativas exigem alto grau de industrialização, no sentido de reduzir a interferência de sua construção com o trânsito da via e, naturalmente, custos reduzidos para não onerar a tarifa de pedágio ou o resultado esperado pelo concessionário da via, quando existente. Ao mesmo tempo, por sua natureza, estas passarelas produzem impactos visuais importantes, constituindo intervenções por vezes de considerável agressividade formal ao ambiente da rodovia ou avenida.Neste contexto, as passarelas estaiadas constituem solução exemplar.Importante não confundir com as pontes que pelo elevado número de estais são proporcionalmente bem mais complexas. São econômicas, pois conseguem acompanhar, e até mesmo superar, os orçamentos de outras alternativas. Por serem leves, as exigências com fundações são minoradas, e os equipamentos de montagem são modestos e de baixo custo. O alto grau de industrialização (podem ser totalmente pré-moldadas) e uso de peças de prateleira - lajes alveolares - implica em redução de custos direta e indiretamente, pois as rampas de acesso são também bem menores, já que o tabuleiro tem apenas a altura da laje alveolar.São eficientes porque cumprem sua função com escasso consumo de material, com curto prazo de montagem após a fundação e, devido a esbeltez do tabuleiro, muito menor que a esmagadora maioria de suas congêneres, as rampas de acesso são menores, implicando em reduzida ocupação de espaço. Em muitos casos, isto é crucial nos densos conglomerados urbanos onde estas obras devem ser instaladas e, portanto, onde estas rampas de acesso devem ser posicionadas.São elegantes. As soluções estaiadas têm sido as preferidas dos arquitetos ao redor do mundo, sempre que precisam interferir nos espaços urbanos, devido às formas agradáveis, leves e sedutoras que conseguem desenvolver, ao tempo em que cumprem funções básicas de ligar espaços e unir pessoas e logradouros, sem impactar negativamente o ambiente com formas pesadas e agressivas ao entorno. Isto tudo pode ser conferido no km 221 da BR 101, no município de Palhoça, em Santa Catarina, em uma passarela com secção transversal de 2,50 m, e dois vãos estaiados de 25,23 m sobre cada pista da rodovia, vencidos com lajes alveolares apoiadas em pilares extremos, com tirantes intermediários e um pilar central, localizado no canteiro entre as pistas. As fotos mostram a passarela ainda em construção e pronta. Outras passarelas estaiadas estão sendo construídas no Rio de Janeiro e São Paulo. *João Kerber é engenheiro civil, graduado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul( UFRGS), Pós-Graduado em Construção Civil na Universidade de Santa Catarina (UFSC), com especialização em Reforço de Estruturas de Alvenaria na Universidade Técnica de Dresden, Alemanha. Ex-professor de Concreto Armado e Estabilidade das Construções na UFSC, professor e consultor geral de Análise Estrutural, Resistência dos Materiais, Estruturas de Concreto, Alvenaria e Aço da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Caxias do Sul. Fonte: Estadão