Depois das tragédias, vêm as informações com as quais o governo tenta fazer crer que não está inerme. Ele está difundindo que acaba de comprar um supercomputador. Uma máquina de R$ 31,3 milhões, que vai funcionar no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos, SP, para dar agilidade aos trabalhos de previsão do tempo.
A notícia tem aquele viés de "Brasil grande", de País que está se colocando, senão à frente, ao menos em pé de igualdade com outras nações, nessa área. Assinala que o computador irá além do que é – uma máquina sofisticada – e colocará o Brasil no seleto grupo de países capazes de prever o tempo com dois ou três dias de antecedência e, o clima, "ao longo do século".
É máquina demais, portanto, para um país que ainda avalia o regime hidrológico, pelos rincões brasileiros, com as marcas das oscilações da água com uma régua improvisada num pedaço de pau. Veja-se o caso das enchentes de Santa Catarina ou das enchentes mais recentes, em São Paulo e Rio. Elas expuseram as vulnerabilidades do ponto de vista de previsão, de planejamento para enfrentamento de catástrofes e de falta de infraestrutura para atendimento de urgência. No entanto, temos uma supermáquina. Menos mal.
Pena é que, embora proximamente o Inpe possa contar com esse supercomputador, o País continue com administrações ineficientes e lentas demais no eventual atendimento de emergências. Por aqui, a tecnologia anda a jato. Já a administração pública, a trote de alimária.
Rodoanel
Sejam quais forem as explicações enviesadas, o fato é que não fica bem, para a engenharia rodoviária brasileira, fazer reformas em pistas do trecho sul do Rodoanel, 15 dias depois da inauguração da obra. Só para lembrar: a construção desse trecho custa ao contribuinte a pequena soma de R$ 5 bilhões.
Fonte: Estadão