Nara Faria Em mais uma etapa da construção da linha 4 do Metrô no Rio de Janeiro, que ligará Ipanema, a partir da linha 1 já existente, à Barra da Tijuca, na Zona Oeste, está programada para iniciar no mês de agosto a escavação do túnel entre as estações General Osório e Gávea, que ficam localizadas na Zona Sul da cidade. O custo total do projeto é de R$ 8,5 bilhões. A linha 4 terá 16 km de extensão e seis estações – Nossa Senhora da Paz (Ipanema), Jardim de Alah, Antero de Quental, Gávea, São Conrado e Jardim Oceânico (Barra). A execução da obra na Zona Sul será feita com a utilização do Tunnel Boring Machine (TBM), mais conhecido como “tatuzão”. Em seu percurso, ele atravessará os bairros de Ipanema e Leblon, passando por baixo da rua Visconde de Pirajá e da avenida Ataulfo de Paiva. Caminhos que o “tatuzão” irá escavar entre os bairros de Ipanema, Leblon e Gávea O trajeto de 5,7 km será realizado sem passar por baixo de edifícios e não serão necessárias explosões e aberturas de valas na superfície ao longo das ruas, conforme informações do Consórcio Construtor Rio Barra - formado pelas empresas Queiroz Galvão, Odebrecht, Carioca Engenharia, Cowan e Servix. A máquina estará a uma profundidade de 12 m, o que a manterá longe das fundações dos prédios e, no percurso, haverá necessidade de interdição de apenas 500 m de vias. Fabricado na Alemanha, o “tatuzão” está sendo transportado de navio da Europa para o Rio de Janeiro em 20 contêineres e com outras 100 peças grandes soltas. O equipamento está previsto para chegar em março deste ano à cidade e a estimativa do Consórcio Construtor Rio Barra é que comece a operar em agosto. Com 2 mil t e 120 m de comprimento por 11,5 m de diâmetro, o equipamento escava de 15 m a 18 m de túnel por dia. Bitúnel já escavado na região da estação São Conrado Enquanto escava, o “tatuzão” instalará os anéis de concreto, chamados de aduelas. As 21.088 aduelas necessárias para a obra serão produzidas em uma fábrica que será inaugurada ainda no primeiro trimestre deste ano na Vila Leopoldina, que fica na região central da cidade. Cada anel possui uma numeração e pesa 62 t. Depois de produzidos, os anéis serão transportados para a Zona Sul e estocadas nos canteiros do Jardim de Alah, de General Osório e do 23º BPM (Leblon). A estrutura da fábrica onde serão produzidas as aduelas foi elaborada pela Herrenknecht Tunnelling Systems, a mesma empresa responsável pelo “tatuzão”. Passo a passo das obras A estação Nossa Senhora da Paz será a primeira pela qual o “tatuzão” irá passar após iniciar as operações. A obra nesta estação está na fase da execução das colunas de jet grounting - técnica de impermeabilização do solo. Neste processo, equipamentos perfuram o solo utilizando fortes jatos de ar comprimido com água e areia. Simultaneamente, bicos laterais injetam cimento, formando colunas-guia. Na área reservada às obras serão cerca de 5.700 estacas fincadas no chão. Este serviço deve demorar aproximadamente seis meses, quando começam as escavações. Na estação Jardim de Alah está sendo construído o canteiro de apoio principal da obra. No local funcionará o escritório central, refeitório, almoxarifado, enfermaria e auditório. Enquanto isso, na estação Antero de Quental o trabalho de prospecção já está em fase final e a próxima etapa será o jet grounting. Na Ataulfo de Paiva, o serviço de remoção de pavimento já foi feito. A estação Gávea será o último ponto do percurso de escavação realizado pelo “tatuzão”. Por lá, os trabalhos estão em fase de sondagem para o mapeamento do solo e instalação de um canteiro no campo de futebol da PUC (Pontifícia Universidade Católica), onde será escavado o túnel em direção a São Conrado. A previsão para a instalação do canteiro é até o mês de abril, quando serão iniciadas as escavações do túnel de serviço, que faz parte do sistema de ventilação e também da saída de emergência. Esse túnel será conectado aos túneis de via, por onde passarão os trens. A estação Gávea terá dois níveis e será construída sob um terreno do governo do estado onde atualmente funciona um estacionamento e o prédio de incubadora de empresas da PUC. A construção da estação acontecerá entre setembro de 2013 e dezembro de 2015. Já as escavações na estação São Conrado estão 100% executadas e foram iniciadas as perfurações dos três acessos à estação. Nesta parte da obra, o trabalho de detonação de explosivos prossegue. A previsão é de que em agosto deste ano os túneis da Barra da Tijuca e São Conrado se encontrem. Por fim, a estação Jardim Oceânico já conta com estrutura das paredes-diafragma pronta, poços de rebaixamento e galeria. No local, foi necessário rebaixar o lençol freático e, como o nível de salinidade é alto, optou-se por revestir a estação com uma manta impermeabilizante especial - a mesma usada nas fundações do Ground Zero, onde ficava o World Trade Center, em Nova York. O prazo para o término da construção da linha 4 do Metrô do Rio, iniciada em junho de 2010, é dezembro de 2015. A expectativa é da linha transportar mais de 300 mil pessoas/dia. Duplicação do viaduto João XXIII, na Penha, para a passagem do BRT Transcarioca será inaugurado até final de 2013 Parte de um projeto de melhoria no transporte de massa no Rio de J aneiro que soma investimento de R$ 5 bilhões, o corredor que liga a Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, por BRT (Bus Transit Transport), tem prazo para ser entregue em dezembro de 2013. O ramal, conhecido como Transcarioca, está sendo executado pelo consórcio composto das construtoras Andrade Gutierrez, OAS, Carioca e Contern e terá investimento total de R$ 1,5 bilhão. Este será o primeiro corredor de alta capacidade no sentido transversal da cidade e atenderá os bairros de Curicica, Taquara, Tanque, Praça Seca, Campinho, Madureira, Vaz Lobo, Vicente de Carvalho, Vila da Penha, Penha, Olaria e Ramos. A linha é considerada a de maior complexidade pelo fato de seu traçado cruzar áreas da cidade de alto adensamento populacional. A prefeitura estima que o número de desapropriações para viabilizar as obras pode chegar a 1.800 propriedades. Em relação ao andamento dos trabalhos, a Secretaria Municipal de Obras (SMO) já inaugurou três estruturas do traçado: o mergulhão Clara Nunes, no Campinho; a ampliação do viaduto de Madureira (Negrão de Lima) e o mergulhão Billy Blanco, na Barra. Ainda está em andamento a construção de uma ponte estaiada na avenida Ayrton Senna, na Barra da Tijuca, e a duplicação do viaduto João XVIII, que liga as avenidas Brás de Pina e Lobo Júnior, na Penha. A segunda etapa da obra também já está em andamento, tendo como início a construção de uma ponte estaiada sobre a baía de Guanabara, na altura da Ilha do Governador. A estimativa para a próxima inauguração na Transcarioca é de mais um mergulhão na Barra. No total, serão 45 estações e três terminais, que demandarão três mergulhões, 10 viadutos e nove pontes, em 39 km de percurso. A expectativa é que o trecho atenda cerca de 400 mil pessoas/dia. Transolímpica e Transbrasil Além da Transcarioca, os investimentos em mobilidade urbana incluem os ramais Transolímpica (Deodoro-Barra), Transbrasil (baixada-centro) e Transoeste (Barra-Santa Cruz e Campo Grande). A Transolímpica tem responsabilidade de construção e operação de consórcio formado pelas empresas Odebrecht, Invepar e CCR (ao contrário das outras linhas de BRT, o modelo deste trecho foi de concessão), terá extensão de 23 km e contará com 18 estações e dois terminais. Para esta obra será investido R$ 1,6 bilhão. O prazo para finalização da obra está previsto para 2015. No caso do BRT Transbrasil, ainda não há uma previsão de data para as licitações, mas o início das obras neste trecho está marcado ainda para 2013, com término estimado para 2016. O corredor terá 32 km, com quatro terminais, 28 estações e 15 passarelas. O projeto está orçado em R$ 1,3 bilhão. Transoeste é alvo de críticas Dentre as quatro linhas previstas no projeto de mobilidade do Rio, a mais avançada é a Transoeste, obra a cargo da Odebrecht e Sanerio. O ramal já está em operação em alguns trechos. Contudo, parte das obras já entregues vem sendo alvo de críticas em relação à qualidade dos empreendimentos. A quantidade de buracos existentes nas pistas entregues há menos de um ano vem chamando a atenção. A Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro confirmou que a fiscalização da Secretaria Municipal de Obras identificou alguns “vícios construtivos ao longo do corredor”. Segundo a secretaria, as empreiteiras responsáveis pela obra estão fazendo os devidos reparos sem ônus à prefeitura. No total, as obras da Transoeste tiveram investimento de R$ 900 milhões e atingirão 56 km, ligando o Jardim Oceânico, na Barra, até Campo Grande e Santa Cruz. Fonte: Padrão