Uma das obras de engenharia tecnicamente mais avançadas, recém-construída pela Petrobras, é o túnel do Gastau, gasoduto Caraguatatuba/Taubaté, que entrou este ano em operação e escoa parte da produção de gás natural da bacia de Santos Ogasoduto Taubaté (Gastau) liga a unidade de tratamento de gás de Caraguatatuba (SP) à unidade de tratamento de gás “Monteiro Lobato”, no município de Taubaté (SP). Ele foi projetado para escoar o gás natural do campo de Mexilhão, cuja produção é da ordem de 15 milhões m³ de gás/dia, correspondente a 50% do volume atualmente escoada pelo Gasoduto Brasil/Bolívia (Gasbol). Ocorre que a construção do gasoduto, com 145 km de extensão, que opera a partir da plataforma instalada em Mexilhão e que é considerada a maior unidade fixa da Petrobras e uma das maiores do mundo, no gênero, encontraria pela frente o Parque Estadual da Serra do Mar, cuja travessia não poderia provocar quaisquer danos ao meio ambiente local. A descoberta do campo de Mexilhão foi anunciada em 2003. Seria a maior descoberta brasileira de gás natural. Suas reservas, cuidadosamente pesquisadas, revelavam que dali poderiam ser extraídos 70 bilhões de m³ de gás, volume correspondente a 30% das reservas exploradas na época. Em linhas gerais, Mexilhão iria superar a produção de Roncador, na bacia de Campos; de Urucu, em Coari, Amazonas; e de Manati, na Bahia. Na época, Almir Barbassa, diretor financeiro da empresa, avaliara que Mexilhão disponibilizaria 17 milhões de m³ a mais de oferta de gás, o equivalente a 100 mil barris/dia. E salientou: “É muito mais energia disponível para garantir o crescimento industrial brasileiro”. Foi com essa visão das vantagens do campo, na Bacia de Santos, que as obras do Complexo Mexilhão avançaram. Ele se localiza a 160 km da costa e está a uma lâmina de água entre 320 m e 550 m. Mas uma das dificuldades da construção não estaria no mar, mas na serra: como transpor o Parque Estadual da Serra do Mar, de modo a atender às rigorosas exigências ecológicas dos governos estadual e federal, sem provocar quaisquer danos àquela área de proteção ambiental permanente? Um túnel escavado a 540 m de profundidade Estudos foram realizados para se encontrar a solução mais adequada, do ponto de vista técnico e ecológico, para a travessia, que deveria ser subterrânea. Previu-se a construção de um túnel com algumas características consideradas inéditas no Brasil: ele seria a mais longa obra desse tipo escavada em rocha a partir de um único emboque. Teria 5,2 km de extensão e 6,19 m de diâmetro. E mais: conforme o andamento das escavações atingiria até 540 m de profundidade, levando-se em conta a superfície da serra. A construção do túnel ficou a cargo da Schahin Engenharia, que para executar o trabalho, optou pelo emprego de uma tuneladora Tunnel Boring Machine (TBM) Wirth, alemã, de última geração. O equipamento é constituído por um sistema integrado que, além de escavar a rocha, executa simultaneamente todas as medidas complementares de contenção, como a colocação dos anéis de concreto pré-moldado e monitoramento do avanço progressivo dos serviços. Adicionalmente, a tuneladora, comumente chamado de “tatuzão”, funciona equipada com um dispositivo de sondagem geotécnica, o que permite aos operadores minimizar riscos de acidentes ou prevenir eventual paralisação das atividades da máquina. O “tatuzão” empregado no Gastau tem 130 m de comprimento, 6,20 m de diâmetro e pesa 750 t. Foi utilizado com uma expectativa média de escavação diária de 20 m. Operado pela empresa italiana Ghella, executou a travessia do maciço rochoso sem provocar nenhum impacto ambiental no Parque Estadual da Serra do Mar. Segundo engenheiros ouvidos pela revista, a obra pode ser considerada “emblemática” no gênero e exemplo para a escavação de túneis em outras regiões e circunstâncias peculiares, levando-se em conta as exigências de proteção ambiental. Ao mesmo tempo em que era construído o túnel Gastau, a Petrobras dava prosseguimento às obras do Complexo Mexilhão. A construção e montagem da plataforma Mexilhão 1 (fixa) é composta de uma jaqueta e dois módulos: um para utilidades, acomodação de pessoal e heliponto, e outro para o processo, geração e tratamento de gás. A jaqueta, de aço, é fixada no fundo do mar mediante o emprego de oito estacas a uma distância de 143,2 km da costa, em lâmina d´água de 172 m, interligadas, e poços produtores de gás. Com altura de 227 m (182 m de jaqueta), a plataforma é apontada como a mais alta já instalada pela Petrobras. O duto submarino tem diâmetro de 34´ e 135,5 km de extensão. O trecho terrestre, de 7,7 km, desemboca na praia e conecta-se à Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba (UTGCA). Ficha técnica Obra: Túnel do Gasoduto Caraguatatuba/Taubaté (SP) Contratante: Petrobras Valor do contrato: Originalmente, o valor do contrato foi da ordem de R$ 220 milhões Execução da obra: Schahin Engenharia Projeto executivo e acompanhamento técnico: GeoCompany Supervisão e fiscalização: Petrobras Bioengenharia recupera voçorocas Acompanhando o panorama mundial a Azevedo & Travassos® tem adotado em suas obras as técnicas de Bioengenharia como parte dos programas de recuperação de áreas degradadas, com resultados muito positivos. Na obra de Construção e Montagem do Trecho A do Gasoduto GASBEL II, realizada entre os anos de 2010/2011, a Azevedo & Travassos® aplicou as técnicas de Bioengenharia dos Solos na estabilização de encostas ao longo da faixa de dutos e na recuperação de duas grandes voçorocas utilizando material excedente da terraplenagem, retentores de sedimentos (bermalongas), biomantas e um consórcio de gramíneas e leguminosas, conforme pode ser observado nas fotos abaixo, que mostram o antes e o depois. Bioengenharia dos Solos ou Engenharia Natural consiste em técnicas que consideram a vegetação das encostas também como componente construtivo, além dos materiais tradicionalmente utilizados, como concreto, metal, madeira, pedras e geotexteis. Esta tendência mundial pôde ser observada no Brasil em 2006, quando pela primeira vez a Bioengenharia foi citada em documentos de instituições públicas, nos documentos normativos do DNIT. A instabilização geotécnica de encostas decorrente de processos erosivos tem apresentado um crescimento significativo nas últimas décadas, em função do uso irracional do solo e/ou de intervenções provocadas por obras. Diversas técnicas preventivas e de estabilização desses processos erosivos têm sido adotadas pelas empresas de engenharia. Entretanto, as técnicas mais utilizadas têm o concreto como matriz principal, como muro de arrimo, cortina atirantada, entre outros. Estas podem ser facilmente vistas ao longo das rodovias brasileiras. Por outro lado, apesar dessas técnicas terem se mostrado eficazes, a Bioengenharia dos Solos veio para complementar um aspecto muito valorizado, que é o efeito paisagístico e/ou harmônico, assim como, o ecológico. Nas obras de terraplenagem em faixas de dutos, quando não há como realizar um equilíbrio entre o corte e o aterro, por exemplo, a Azevedo & Travassos® tem optado por recompor grandes voçorocas com o excedente da movimentação do solo e aplicar técnicas de Bioengenharia para recuperar estas áreas, ao invés de destinar o material excedente para aterros de resíduos de construção civil. Esta boa prática tem mostrado que as técnicas de Bioengenharia adotadas no tratamento de erosão são rápidas, extremamente eficientes e de custo reduzido quando comparadas com os métodos tradicionais da construção civil. Além de serem benéficas para todo o meio ambiente, pois promovem a utilização de produtos biodegradáveis, favorecem a infiltração de água no solo e permitem à natureza recuperar a vegetação original num período de tempo mais curto, estando alinhadas com as condicionantes dos licenciamentos ambientais que regem estes empreendimentos. Fonte: Estadão