Um pacto político em favor do crescimento econômico

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José Alberto Pereira Ribeiro*

OBrasil vive este ano um momento muito importante em seu projeto democrático. Mais de 135 milhões de brasileiros vão às urnas para eleger os novos deputados federais e estaduais, todos os governadores, um terço do senado e o futuro presidente da República. Além da escolha dos nomes, os brasileiros demonstrarão também através do voto quais são as suas esperanças e como espera que o Brasil avance em seu desenvolvimento econômico e social nos próximos anos.

É uma hora, portanto, de importante reflexão. É também o momento de definição dos caminhos para superar a crise internacional que se abateu sobre o País no ano passado e de construir novos projetos para alavancar o desenvolvimento.

No Brasil, hoje, precisamos priorizar o crescimento econômico e unir todos os órgãos do estado e a sociedade em torno de um objetivo prioritário: preservar o crescimento. Hoje, as estimativas do Banco Central indicam que o País pode crescer algo em torno de 7% em 2010. É uma meta ambiciosa mais factível. No ano passado, o País não cresceu, depois de dois anos de expansão a uma taxa de 5% anual.

A retomada do crescimento a uma taxa elevada e a perspectiva de se continuar crescendo nos próximos anos são indicadores muito positivos para uma sociedade democrática, que pretende melhorar a qualidade de vida da população.

Os candidatos a presidência do País – Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva – estão comprometidos em seus pronunciamentos com o crescimento do País a taxas elevadas e com a realização de ambiciosos programas de investimentos em infraestrutura, para manter a economia do País em expansão. Mas outros segmentos precisam também se comprometer.

É preciso que o Ministério Público, as instituições de licenciamento ambiental, o Tribunal de Contas da União, os tribunais de contas dos estados, os partidos políticos, as diversas prefeituras, as centrais sindicais dos trabalhadores e o poder judiciário entendam que a prioridade do Brasil é atravessar essa crise e crescer a taxas elevadas durante alguns anos para resgatar o atraso em relação a outras nações.

É importante que todos tenham consciência de seu papel neste contexto. Não faz sentido, em uma hora destas, ficar paralisando obras ou atrasando os licenciamentos. Não faz sentido determinados grupos políticos ficarem de picuinhas políticas e guerras paroquiais, em meio a uma crise sem precedentes no mundo. Não fazem sentido greves violentas por salários. A prioridade neste momento é crescer e gerar empregos. É qualificar melhor o trabalhador.

A crise internacional é muito grande e o Brasil tem conseguido ultrapassá-la.

É possível crescer nesta crise? É! A China e a Índia vão crescer 8%, segundo as previsões de órgãos internacionais. Não serão os 11% do ano passado mas serão importantes 8%. O Brasil pode crescer entre 5% e 7% este ano. Vai depender mais da sociedade e dos órgãos do estado do que do Governo.

O governo atual lançou um programa de obras importante, que é o PAC 2, que prevê investimentos de mais de R$ 1 trilhão em quatro anos. Só no setor de infraestrutura de transporte o DNIT deverá investir nos próximos quatro anos cerca de R$ 86 bilhões. No setor de rodovias, os investimentos previstos são superiores a R$ 51 bilhões.

Além disso, o programa prevê elevados investimentos na produção de petróleo e de navios, na construção de uma nova ferrovia na região Centro-Oeste e de um trem de alta velocidade, com investimentos de R$ 34 bilhões. É importante preservar o PAC, um projeto que deu certo e que está impulsionando a nossa economia este ano. Sem investir em infraestrutura o País não cresce de uma forma saudável e consistente.

É preciso definir o foco da sociedade, neste momento.

As eleições podem servir como um pacto político em torno da prioridade. Quando a crise passar, o Brasil poderá estar em outra situação e com melhores condições de dar um novo salto. É preciso evitar o encolhimento da economia e o caos social, neste momento.

O Brasil está com a sua economia organizada, tem boas reservas financeiras e um excelente programa de investimentos em obras públicas. O Congresso acabou de liberar os investimentos públicos dentro do orçamento, retirando-o das limitações do superávit primário.

O grande desafio da sociedade brasileira é manter o planejamento de médio prazo na economia brasileira, realizar os grandes projetos que já existem na agenda do País e eliminar todos os entraves que hoje alguns órgãos públicos apresentam para a execução dos grandes projetos. O desafio do Brasil para os próximos anos é continuar crescendo a altas taxas e acreditar que essa meta é possível.

*José Alberto Pereira Ribeiro é presidente da Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias (Aneor)

Fonte: Estadão


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