Projeto é um ato de reflexão. Concilia contradições, seleciona o melhor caminho, prevê soluções para eventuais erros e ajuda na evolução e emprego de técnicas e novos materiais. É a matriz do empreendimento e, portanto, não pode gerar equívocos.
Ontem, assisti a uma aula sobre o assunto, ministrada pelo engenheiro José Roberto Bernasconi, na Comissão de Obras Públicas, no 83º Encontro Nacional da Indústria da Construção (ENIC), que está sendo realizado aqui em SP.
Não se tratou de uma louvação do projeto, na tentativa de "vendê-lo", mas de tornar claro que ele é a racionalidade contra desvios acaso propostos para se obter custo final que, mais tarde, se revelará trágico para o usuário do empreendimento e, em sentido mais amplo, para a sociedade.
Não se faz projeto em cima da perna. E ele não pode ser elaborado sem o apoio de estudos, sondagens e outros elementos que formem o conjunto de dados a fim de que resulte completo em sua interação com o orçamento, o método construtivo, o meio ambiente.
É erro crasso fazer projeto de uma estrada, sem o conhecimento do traçado, das passagens que deverão ser subterrâneas, das travessias sobre cursos d´água. O conhecimento in loco, obtido com os pés no chão, teria evitado os males que hoje são descobertos e que são creditados aos aditivos escandalosos, posto que encarecedores de obras pelo País afora.
Registro duas lições do mestre Bernasconi:
"O projeto é o DNA do empreendimento a ser construído."
"Uma boa tática não corrige um erro estratégico. Um general pode errar na tática, mas não pode errar na estratégia."
Fonte: Estadão