Vencendo o mangue

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O terminal portuário da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), que será responsável pelo recebimento da matéria-prima (carvão), necessária para a operação da usina e pelo escoamento do aço produzido, é compreendido por estruturas em terra e marítimas, estas compostas por uma ponte de acesso e um píer de atracação para navios de até 150 mil DWT. Sua construção tem exigido muita engenhosidade por parte do Consórcio Carioca – Andrade Gutierrez, formado pelas construtoras do mesmo nome. “A maior dificuldade é o cumprimento do cronograma estabelecido que, além do prazo apertado, exige o atendimento de datas limites intermediárias para início da montagem dos equipamentos de grande porte sobre o píer – descarregadores de carvão, guindastes para o carregamento de placas e sistema de correias transportadoras”, declara Luiz Fernando dos Santos Reis, diretor presidente da Carioca Engenharia.

Mas, as dificuldades não param por aí. De acordo com ele, o cumprimento do prazo está atrelado à necessidade de “vencer as condições adversas do terreno e da geologia local. Entre as estruturas destaca-se a ponte de acesso, que tem 3.800 m de extensão x 20 m de largura, com duas pistas de rolamento para o tráfego de caminhões que transportarão as placas produzidas na siderúrgica para embarque nos navios, e ainda uma faixa para o sistema de correias transportadoras, as quais serão responsáveis pela movimentação do carvão recebido dos navios até os pátios de estocagem.

Com vãos de 17 m de extensão, a ponte foi projetada com vigas transversais apoiadas sobre três estacas cilíndricas pré-moldadas em concreto protendido, com diâmetro externo de 80 cm e interno de 50 cm, com comprimento médio de 45 m. As estacas foram fabricadas em canteiros especiais montados em área próxima ao local de implantação do terminal, dentro do sítio da usina siderúrgica.

A segunda estrutura é o píer de atracação, constituído por dois berços de atracação situados sobre uma plataforma de 700 m de extensão x 40 m de largura, sobre lâmina d´água de 16 m.O primeiro berço será destinado ao recebimento de carvão e, o segundo, ao embarque das placas fabricadas.

Estas duas estruturas estão apoiadas em estacas iguais às da ponte de acesso e são constituídas por vigas pré-moldadas em concreto protendido, solidarizadas por uma laje de concreto armado.

Definição dos equipamentos

E é aí que entra a importância do conhecimento do solo da região para a determinação dos processos de construção que foram adotados. “Basicamente, são empregados dois sistemas construtivos, em função das características do terreno e das profundidades da lâmina d´água nos locais de implantação das obras”, diz Santos Reis. Ele explica que os primeiros mil metros da ponte de acesso estão sobre área de mangue, em que o terreno não apresentava nenhuma capacidade de suporte para operação de equipamentos, e a lâmina d´água varia de + 1 a -1,50 m (zona de variação da maré), impedindo a operação de qualquer equipamento flutuante de porte.

Para vencer este trecho, foi empregado o equipamento Cantitraveller, especialmente projetado para este trabalho. Ele é formado por uma estrutura metálica equipada com um guindaste de 300 t de capacidade de carga e se apóia sobre as estacas por ele já cravadas, utilizando um gabarito que permite a locação das estacas do vão seguinte.

Nos trechos da ponte onde existe lâmina d´água capaz de permitir a operação de equipamentos flutuantes, o consórcio optou por dois bate-estacas flutuantes de grande porte – Ramm-lifts, da Carioca, capazes de cravar estacas de até 62 m de comprimento. “Desta forma, há três frentes simultâneas de cravação de estacas e montagem de vigas e quatro frentes de fabricação de peças pré-moldadas”, informa Santos Reis. Esta abordagem tem permitido ao consórcio cumprir os prazos determinados em contrato.

Atualmente, 65% do escopo contratual está executado, compreendendo o término da cravação de todas as estacas da ponte de acesso e das estacas do píer de matéria-prima, além de 90% da superestrutura da ponte e 40% da montagem das vigas pré-moldadas do píer de recebimento de carvão. Faz parte ainda dos 65% executados, o início da construção dos prédios das estruturas de apoio em terra, que são formados por escritórios, alfândega, oficinas, almoxarifado, vestiários e cantina. Os serviços do Consórcio Carioca – Andrade Gutierrez em terra incluem também instalações elétrica, hidráulica, incêndio, comunicação e supervisão, e a urbanização da área. Os trabalhos do consórcio tiveram início em setembro de 2006 e estão previstos para se encerrarem em novembro de 2008.

Fonte: Estadão


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