Viaduto e túnel desafiam engenharia do VLT da Baixada Santista

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A obra de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da Baixada Santista parecia ser bem simples. Afinal de contas, utilizaria o leito e o traçado da antiga ferrovia que cruzava a região. Porém, uma série de interferências, que não estavam devidamente cobertas pelo projeto, acabaram atrasando o empreendimento e aumentando o seu custo.
 

O presidente da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), Joaquim Lopes da Silva Jr., adianta, no entanto, que a obra está no prazo e que a via, de 19,5 km no total e 13 estações, ligando São Vicente (SP) ao porto de Santos (SP), entra em operação em março do ano que vem. “Vamos rodar o sistema em menos de 24 meses, desde a licitação, realizada em maio de 2013”, diz Silva Jr.

 

Martins, da EMTU: Muito trabalho de engenharia

 

Porém, dois grandes entraves comprometeram a execução e o prazo da obra. O primeiro deles foi o viaduto Antonio Emmerich, em São Vicente. O antigo viaduto foi demolido para a construção das duas pistas do VLT, ciclovia e dois viários para carros. “Porém, com a obra em andamento, descobrimos que um prédio ao lado tinha sido construído com apoio no viaduto”, lembra o gerente de Implantação do VLT da Baixada, o engenheiro Carlos Romão Martins.

 

O engenheiro conta que foi necessário reforçar todo o entorno do prédio com paredes-diafragma. “O custo da obra naquele local quase que triplicou”, calcula. Além disso, o solo da região é basicamente “areia e água”, que exigiu preenchimento com rachão e o uso de estacas cravadas. “Instalamos tirantes, e apenas um dos furos consumiu três caminhões de concreto para ser preenchido”, detalha.

 

Outro entrave na obra do VLT da Baixada Santista está sendo o alargamento do túnel do Morro do Zé Menino. “Achávamos que o túnel estivesse cravado em rocha sã, mas boa parte dele tem rocha fraturada”, explica o engenheiro. Martins afirma que o túnel, de cerca de  50 m de extensão, tem uns 15 m de rocha sã e o restante de rocha totalmente fraturada.

 

Por conta disso, foi proibido o uso de explosivos. Diante dessa situação, Martins diz que passaram a usar o método de argamassa expansiva. Contudo, com temperatura e umidade excessiva, a técnica não se mostrou produtiva. “No meio do caminho, passamos a usar plasma, que provoca pequenas explosões bem controladas”, afirma. Originalmente com cerca de 3,5 m de largura e de altura, o túnel vai ficar com 7 m de largura e 4,5 m de altura.

 

“Esses dois pontos exigiram muito trabalho de engenharia e também de cuidado com a vizinhança”, destaca. Mas a expectativa de ter uma obra rápida e sem problemas em cima de um leito existente foi frustrada.

 

Interferências ocultas

Martins detalha que, do leito existente, foi aproveitada apenas a propriedade da área. “Praticamente não tivemos desapropriações”, ressalta o engenheiro. Segundo ele, houve apenas 27 desapropriações no centro da cidade de Santos. A nova via, com duas bitolas, contra uma única da anterior, teve de ser construída praticamente do zero.

 

 “Retiramos trilhos, escavamos e substituímos o solo, aplicamos rachão e instalamos os novos trilhos sobre uma laje com extensão de 11 km, com largura média de 9 m por 18 cm de espessura, executada com concreto de 30 MPA, duas telas e fixação em elastômero”, conta.

 

O engenheiro responsável pelo VLT da Baixada Santista diz que na cidade de São Vicente havia muita interferência nãocadastrada que contribuiu para impactar diretamente o cronograma da obra. Martins lembra, por exemplo, que foi necessário remanejar duas adutoras (uma de água e outra de esgoto pressurizado) que passavam bem debaixo das fundações.

 

 “Só ficamos sabendo da posição exata das adutoras quando escavamos”, conta. Os dados existentes falavam que existia, mas não dava a localização exata. Isso exigiu, segundo Martins, até o uso de um georradar, e as escavações tiveram de ser realizadas com muito cuidado.

 

REDE BRASILEIRA SOBRE TRILHOS (2013 – 2018)

 

2013

2018

Operadores

15

22

Linhas

38

59

Estações

501

757

Extensão (em km)

970

1.253

 

Fonte: ANPTrilhos

 

PROJETOS METROFERROVIÁRIOS EM EXECUÇÃO OU JÁ CONCEDIDOS

Estado

Responsável

Linha

Trecho

Estações

Km

Previsão

Status

VLT

Trem metropolitano

Monotrilho

Metrô

Implantação

Expansão

São Paulo

Metrô – SP

 

 

 

2 – Verde

 

Vila Prudente – Guarulhos

13

14,5

2020

Início obras
em 2015

 

 

 

4 – Amarela

 

Luz – Vila Sonia

5

3,9

2015

Em andamento

 

 

 

5 – Lilás

 

Adolfo Pinheiros – Chácara Klabin

10

10,9

2016

 

 

 

6 – Laranja

Brasílândia – São Joaquim

 

15

13,3

2018

 

 

15 – Prata

 

Vila Prudente –
Hosp. Cidade Tiradentes

 

18

26,1

2016

 

 

17 –  Ouro

 

Jabaquara – Congonhas – São Paulo Morumbi

 

18

17,9

2016

 

 

18 – Bronze

 

Tamanduateí (São Paulo) – Djalma Dutra (S.B. Campo)

 

13

14,9

2018

Início obras
em out./14

CPTM

 

9 – Esmeralda

 

 

 

Grajaú – Varginha

3

4,5

2015

Em andamento

 

13 – Jade

 

 

Eng. Goulart –

Aeroporto de Guarulhos

 

3

11

2015

EMTU

Baixada Santista

 

 

 

Barreiros – Porto

 

13

11

2015

Rio de Janeiro

Metrô-Rio

 

 

 

4 – Cinza

General Osório –

Jardim Oceânico

 

6

16

2016

Prefeitura-Rio

Área Central e Portuária

 

 

 

6 linhas

 

42

28

2016

Mato Grosso

Gov. MT

VLT Cuiabá

 

 

 

CPA – Aeroporto e Coxipó – Centro

 

36

22

2015

Goiás

Gov. GO

VLT Goiânia

 

 

 

Eixo Anhanguera

 

17

14

2015

Bahia

Metrô Salvador

 

 

 

1

Lapa – Pirajá

 

8

12,2

2015

 

 

 

2

Acesso Norte –

Lauro de Freitas

 

14

22

2017

Ceará

Governo cearense

 

 

 

Sul

Xico da Silva – Maracanaú – Carlito Benevides

 

20

24,1

 

Operação Branca

 

 

 

Leste

Xico da Silva –

Edson Queiroz

 

13

13

2017

Em andamento

VLT – Fortaleza

 

 

 

Parangaba – Mucuripe

 

8

12,7

2015

VLT – Sobral

 

 

 

Cohab II- Sumaré e

Polo Industrial da Grendene – Cohab III

 

12

12

2014

Definição do início Operação Assistida

Pernambuco

Governo pernambucano

 

 

 

Metrô Recife

 

Cajueiro Seco  – Cabo de Santo Agostinho

2

17

2016

Em andamento

 

Fonte: ANPTrilhos/Metrô São Paulo

Fonte: Revista O Empreiteiro


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