Há duas inovações no Plano Diretor que a Câmara Municipal está discutindo: uma inteligente, pela lógica natural; e outra imbecil, por apostar numa possibilidade futura.
A inovação inteligente, por considerar o senso comum, é aquela que prevê o estímulo à construção de novas edificações, sobretudo residenciais, ao longo dos eixos dos sistemas de transporte público.
Caso essa medida já viesse sendo adotada desde que o mundo é mundo, ou melhor, desde que a Pauliceia ainda não tivesse se tornado tão desvairada por conta do uso do transporte particular, a cidade seria outra. Quem não gostaria de morar ou trabalhar tendo o metrô, o VLT, o trem ou corredores exclusivos de ônibus, à mão? A primeira coisa que o cidadão faria, seria deixar o carro em casa para utilizá-lo em caso de lazer ou de viagem.
Mas o estímulo a construir edifícios comerciais ou residenciais ao longo desses eixos de transporte, precisa ser acompanhado de providências para a construção de estacionamentos públicos, sobretudo subterrâneos, no entorno dos terminais. A falta de planejamento, nesse sentido, tem gerado caos diário no entorno. Ali, na estação Butantã do metrô, não se tem onde parar sequer para as operações urgentes de embarque e desembarque.
A inovação burra se refere a medidas para que as novas edificações tenham apenas uma vaga de garagem. Ora, limitar, dessa forma, o uso do veículo particular, é uma imposição anticidadã. Obviamente, desde que o poder público coloque à disposição do usuário sistemas eficientes e confortáveis de transporte coletivo, ele vai preferir economizar salários, deixando de pagar estacionamentos ou correr o risco de ver o seu veículo danificado no meio da rua. Mas a atual administração quer impor. E, haja corredores de ônibus para gerar mais desequilíbrio no trânsito e mais multas para quem inadvertidamente fizer uma conversão à direita.
O Plano Diretor deve ser a favor do cidadão e do futuro organizado da cidade. E não já antever restrições futuras, que podem resultar ruinosas.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira