Aestruturação do Grupo Ecorodovias, baseada na diversificação de seus investimentos, articula suas atividades empresariais e o perfil dos corredores rodoviários que são administrados pela empresa. Todos eles estão diretamente ligados ao comércio exterior, incluindo principais pontos de produção e consumo, portos e fronteiras secas. Não existe no mundo uma operadora portuária com uma cadeia logística tão extensa.
Na implementação dessa estratégia, foram criadas plataformas (unidades operacionais), que funcionam como um dos diferenciais da empresa dentro do segmento de logística. Assim, o grupo passou a adquirir áreas, armazéns e pátios visando a atender às necessidades de integração entre diversas atividades, num mesmo ambiente, e variadas etapas da cadeia de negócios, com a maximização do emprego de equipamentos, mão de obra e know-how.
“A Ecorodovias organizou uma estrutura que possibilita o trabalho em escala e em volumes suficientes para desencadear a rentabilidade necessária para os investimentos no setor e que representa um custo compatível com os anseios do mercado”, conforme explica Luís Augusto de Camargo Ópice, presidente do Terminal para Contêineres da Margem Direita (Tecondi).
O plano diretor, que define a estratégia do grupo, prevê a implantação de anéis logísticos localizados nos entornos das concessões rodoviárias. O primeiro, que envolve o Sistema Anchieta – Imigrantes e já está em funcionamento, tem como ponto central o Porto de Santos e um raio de atuação que se estende por uma distância de 200 km.
“Começamos a desenvolver duas plataformas iniciais, que são o Ecopátio Cubatão e o Ecopátio Imigrantes. Além disso, já foi iniciado o projeto do Ecopátio Campinas. Paralelamente, também foi possível realizar a compra de duas companhias [Columbia e Eadi Sul] que já tinham unidades, operações e licenças que atendiam ao nosso planejamento. Uma com vários ativos em São Paulo e outra no Paraná, com presença em Curitiba e nas fronteiras de Uruguaiana, Foz do Iguaçu, Jaguarão e Sant’Ana do Livramento”, explica Ópice. Com isso, acelerou-se o desenvolvimento do plano diretor, porque com essas aquisições já foi possível agregar market share, carteira de clientes, know-how, sistemas, equipamentos, licenças alfandegárias etc.
Luís Augusto de Camargo Ópice, presidente do Tecondi
Para administrar todas as atividades logísticas do grupo, dentro do conceito estabelecido, a Ecorodovias criou a Elog e, através dela, adquiriu parte da operação das empresas Armazéns Gerais Columbia e Eadi Sul Terminal de Cargas, o que permitiu a incorporação de 14 centros de distribuição e portos secos nas regiões Sul e Sudeste do País.
Dentro desse universo e visando a agregar mais sinergia, foi adquirido, recentemente, um complexo portuário dentro do Porto de Santos, que é o complexo portuário Tecondi, formado pelas empresas Terminal para Contêineres da Margem Direita (Tecondi), Terminais Marítimos Especializados (Termares) e Transporte e Logística (Termlog). O negócio, concretizado em julho de 2012, representou um investimento de R$ 1,3 bilhão. Já as empresas Columbia e Eadi Sul foram adquiridas por R$ 264,1 milhões, em dezembro de 2010.
“Com um terminal de contêineres é possível atrair importadores e exportadores, sem que seja preciso ir buscá-los no mercado, porque eles já se relacionam comercialmente com nossos clientes, que são os armadores. Isso aumentou muito as possibilidades de negócio da empresa com o setor, com o usuário e com todos os componentes dessa cadeia logística. Além disso, se a empresa já é seu cliente no terminal, torna-se muito mais fácil estabelecer relação comercial com ela no sentido de efetivar a verticalização da venda de serviços”, destaca Ópice.
A estratégia deu resultado e a Ecorodovias pôde ver que a receita da sua estrutura de logística já representou, no terceiro trimestre de 2012 (julho – agosto – setembro), 34,4% da receita operacional bruta de todo o grupo, índice que já contempla os resultados do Tecondi. A expectativa é que essas operações possam chegar a 50% da receita do grupo, até 2015.
O Tecondi, com berços privativos e públicos,espera movimentar, neste ano, 477 mil TEUse, para 2013, a previsão é de 675 mil TEUs
“O negócio que temos não é um modelo que saiu da cartola. É uma repetição, com adaptações, de modelos bem-sucedidos principalmente na Europa. O que é inédito no mundo é que não existe nenhuma companhia operadora portuária com uma cadeia de logística terrestre tão grande quanto a nossa”, comenta Ópice.
Investimentos
O plano de investimento do Tecondi prevê, para os orçamentos de 2012 e 2013, valores da ordem de R$ 150 milhões, em equipamentos (2/3) e obras civis (1/3).
O terminal portuário da Ecorodovias, de acordo com o seu presidente, já representa 17% do market share do Porto de Santos, mas busca fortemente o aumento da capacidade de movimentação. A expectativa para este ano é de movimentar 477 mil TEUs e, para 2013, com todos os investimentos programados, a previsão é de chegar a 675 mil TEUs por ano.
Ópice diz contar como trunfo a força de sua mão de obra: “O mercado de operações portuárias está aquecido e, com a entrada de novas companhias no segmento, há uma disputa natural por mão de obra qualificada. Como a cultura empresarial da Ecorodovias sempre foi a de formar e ter à disposição um grupo qualificado de colaboradores, o objetivo é levar esse mesmo modelo de gestão de recursos humanos para dentro do Tecondi e Termares. Já começamos um treinamento específico de quase 50 operadores de guindastes, que são equipamentos de movimentação navio-terra e terra-navio, em simulador e com o próprio fabricante”.
Estrutura física e capacidades
Dentro da configuração do Tecondi, a
primeira área licitada foi em 1998, com dois berços de atracação. Hoje, por conta da composição dos navios, é utilizada uma parte do cais público. Entre 2008 e 2010, o terminal construiu uma nova área, com um berço de atracação de 320 m, e uma retroárea de 35 mil m2. Essa expansão foi toda realizada sobre estacas cravadas no leito do mar, com vão livre sobre a água, sem utilizar o método de aterro. Com isso, a construção pode ser considerada como ambientalmente correta.
Os investimentos contratuais em 25 anos, exigidos pela autoridade portuária, eram de R$ 138 milhões. Em apenas 13 anos, entretanto, já foram investidos R$ 499 milhões, superando largamente o que foi estabelecido inicialmente.
A Codesp exigia do Tecondi, no ano de 2000, a movimentação mínima contratual de 127 mil unidades de contêineres por ano. Para este ano, espera-se movimentar 477,8 mil unidades. A operação média de um navio leva em torno de 20 horas. Ao todo, o Tecondi opera com três berços privativos e três públicos. Em 2000, o terminal operava 14 contêineres por hora. Hoje, a movimentação chega a 76,9 contêineres/hora.
Fonte: Padrão