Coisas do arco da velha continuam a acontecer dentro e na órbita do Poder. Quando o noticiário do mensalão parecia arrefecido com o julgamento e a definição das sentenças para os acusados, outro caso de corrupção explode aos pés do Poder. É o caso, agora, dessa senhora que era chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, já exonerada. Ela privava de todas as benesses que o cargo – e as condições periféricas do cargo – lhe proporcionavam, incluindo passaporte que previa, para ela, tratamento especial. Era uma pessoa especial.
Os que saboreiam a maçã do Poder não aprendem, mesmo. Na memória ainda estão aquelas histórias cabeludas dos que, tão logo receberam o cartão de crédito corporativo para usá-los como beneficiários do Poder, saíram eufóricos para a esbórnia desenfreada. Alguns, apanhados no auge da gastança califária, se surpreenderam; acharam que apenas utilizavam aquilo que lhes parecia de direito. O caso ganhou repercussões, inquéritos, exonerações. Era para que, aqueles que ficaram ou foram colocados no Poder, se aprecatassem. Afinal, o Poder não era deles, mas daqueles que os colocaram lá. Mas eles confundiram tudo. Continuaram considerando que Poder dado era uma investidura líquida e natural. Sempre é assim: muitos que chegam lá em cima, no planalto, acham que a planície está distante demais para que sejam alcançados.
Ao lado da notícia que centraliza a ex-chefe de gabinete da Presidência da República num quadro de escândalo, surge outra informação: O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), instaura sindicâncias para apurar denúncias de favorecimentos de amigos e parentes de juízes nomeados como administradores judiciais de massa falida, no Rio de Janeiro. E, se por mera curiosidade, passarmos um ponte fino no noticiário diário, vamos verificar que a corrupção está por todos os cantos e por todos os poros do Poder.
É por essas e outras que os responsáveis por tal situação tremem de medo ao ouvir falar, por exemplo, em coisa tão simples como listar a carga de impostos que o contribuinte paga quando adquire qualquer mercadoria, por mais banal que seja. É que dali flui o dinheiro que vai untar os pés do Poder, ao qual uma multidão de parasitas se agarra para não largar nunca mais.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira