Críticas ao programa chinês de trem de alta velocidade

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Quando confrontados com os problemas que envolvem o programa de trem de alta velocidade no País, as autoridades chinesas não têm vergonha de sair da linha dura do Partido Comunista, e apontam falhas e pontos de vista críticos.
Quando um trecho de pista de trem de alta velocidade teve problemas — 300 m de linha ruíram e 7,2 km foram danificados em pontos diferentes – na província central de Hubei, em março, a agência de notícias Xinhua, o órgão do governo que normalmente tem a palavra final nos debates públicos, culpou o evento em função das fortes chuvas. 

Porém, um oficial sênior do setor rapidamente começou a criticar a versão oficial. “Se a chuva pode destruir uma linha férrea, então que tipo de projeto é esse?”, disse Wang Zujian, diretor do departamento de Construção Ferroviária.

Alguns especialistas independentes, incluindo aqueles que trabalham para o Banco Mundial, descartaram a possibilidade de falha sistêmica ou de projeto como a razão do incidente. Eles sugeriram, porém, problemas com materiais utilizados para construção da via. No entanto, antes do acidente, um funcionário ferroviário já havia levantado publicamente dúvidas sobre a qualidade dos materiais utilizados. 

Wang Zujian diz que a pista foi construída para tolerar recalques de até 3 mm. Mas ela afundou entre 3,3 e 4,22 mm, em pontos diferentes em um trecho 7,2 km, de acordo com especialistas. Hu Runzhou, especialista em transporte e membro da estatal China Academy of Management Sciences, disse ao jornal Daily China, que “a ferrovia de alta velocidade necessita de uma base firme, ou ele vai trazer consequências inimagináveis se não for corretamente construída.”

Na verdade, o governo chinês agora está convencido que a corrupção é fator importante por trás da negligência das normas de segurança. Funcionários corruptos costumam usar a desculpa de prazos de entrega mais curtos para acobertar as práticas de ilegalidade.

Na China, este último incidente causou um furor enorme porque veio depois do trágico acidente do trem de alta velocidade em julho passado, que matou 40 pessoas, em Wenzhou, no sudeste da China. A colisão entre dois trens-bala forçou a diminuição do ritmo frenético das obras férreas no país.

A China emergiu como o maior construtor mundial de ferrovias de alta velocidade, com 10.000 km de linhas operacionais. Até 2006, a China importava componentes ferroviários, a maioria de fornecedores japoneses e europeus. Agora, no entanto, tecnologia e equipamentos são produzidos internamente. A China planeja conectar a maioria das grandes cidades através de trem de alta velocidade, até 2020, com um programa orçado em US$ 300 bilhões.

A liderança política espera que o trabalho de casa permita o país se tornar grande exportador de projetos de trem de alta velocidade. A estatal China Construction Railway Corp assinou, por exemplo, acordos para a construção e fornecimento de redes ferroviárias de diferentes velocidades na Arábia Saudita, Argélia, Tanzânia e Turquia.

Fonte: Padrão


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