Com as crescentes dificuldades para viabilizar projetos hidrelétricos no Brasil — em especial pelos entraves ambientais e atrasos em licenciamentos —, a energia nuclear desponta como alternativa viável para ampliar a matriz energética nacional.
“A geração hídrica está cada vez mais limitada, especialmente em grandes aproveitamentos. Por isso, o Brasil precisa investir em fontes com grande potencial, como a energia nuclear”, afirma Luiz Filipe, assessor da presidência da Indústrias Nucleares do Brasil (INB).
Novos desafios para hidrelétricas favorecem alternativas nucleares
Segundo Rafael Schechtman, engenheiro do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (Cbies), a energia nuclear deve ser vista como uma solução estratégica. “Ela representa uma fonte robusta para reforçar a matriz energética nacional, com baixa emissão de poluentes e alta capacidade de geração.”
A mudança no perfil dos projetos hidrelétricos também favorece a discussão. As novas usinas, em função das restrições ambientais, contam com reservatórios muito menores do que os projetos do passado. “Hoje, os reservatórios geram energia por no máximo dois meses. Antigamente, chegavam a garantir operação por até cinco anos”, explica Filipe.
Planejamento oficial prevê expansão da energia nuclear até 2030
De acordo com Mauricio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia, é preciso considerar seriamente a inclusão da energia nuclear na matriz brasileira. “Diante das dificuldades enfrentadas pelas hidrelétricas, as usinas nucleares se mostram uma alternativa viável”, afirmou.
Pela primeira vez, o plano decenal de energia da EPE contempla oficialmente a adição de 4 a 8 mil megawatts (MW) em capacidade nuclear até 2030, incluindo a retomada das obras de Angra 3.
Potencial energético e segurança reforçam papel das nucleares
Ronaldo Fabrício, vice-presidente executivo da Abdan (Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares), reforça que tanto a fonte hídrica quanto a nuclear são limpas e de alta capacidade. “A resistência enfrentada por essas fontes no Brasil é irracional. Precisamos de energia confiável e de baixo impacto ambiental.”
Ele cita o exemplo da França, onde 78% da energia elétrica vem de usinas nucleares. O país realiza campanhas de conscientização para reforçar a imagem da energia nuclear como segura, limpa e indispensável para nações com escassez de fontes alternativas.