As taxas de crescimento econômico observadas no Brasil no ano de 2007, e neste primeiro trimestre de 2008, são positivas e salutares. Para este ano, a projeção de crescimento do PIB é de 4,8% e do PIB da indústria é de 4,7%, estimativa que demonstra o importante papel da indústria na consolidação dos números da atividade econômica brasileira. No entanto, o País ainda está abaixo da taxa de crescimento necessária, que deveria oscilar entre 5% e 7%, para alcançar um desenvolvimento sustentado nas próximas décadas.
Nesse cenário, cabe à Fiesp perseguir sua missão de defender rumos melhores para o setor produtivo brasileiro e para o País como um todo. Para que isso se concretize, e para que tenhamos condições de conduzir um crescimento econômico sustentável nos anos subseqüentes, a semente precisa ser plantada no presente. Como primeiros passos, acreditamos que o governo deve avançar na discussão da reforma tributária e fechar o ciclo de juros o mais rápido possível para que isso não seja mais um componente responsável pela apreciação do Real. Além disso, é de essencial que o governo brasileiro faça uma política fiscal de corte dos gastos públicos, atitude que certamente dará alívio à condução da política monetária por parte do Banco Central (BC). Não se pode deixar toda a responsabilidade pela política econômica nas mãos do BC. É necessária uma integração maior entre a coordenação das políticas monetária e fiscal no País.
Há um estudo da Comissão para Crescimento e Desenvolvimento do Banco Mundial que elencou pontos importantes para se alcançar uma estratégia nacional de desenvolvimento de sucesso e cuja essência compartilha muito da proposta levada pela Fiesp. Aliando metas de longo e de curto prazos, como a conciliação do crescimento com estabilidade, a análise aponta as seguintes metas: 1) Estabilidade macroeconômica e inflação sob controle; 2) Impedir a apreciação da taxa de câmbio; 3) Trazer a fronteira tecnológica para dentro do país; 4) Ampliar exportação de manufaturados e produtos mais sofisticados; 5) Obter superávit ou equilíbrio nas transações correntes; 6) Elevar a taxa de investimento; 7) Ter boas instituições e tamanho adequado de governo; 8) Alcançar melhor distribuição de renda. Para completar a receita rumo a um crescimento equilibrado, acrescentaria ainda alguns pontos microeconômicos tais como a melhoria nas condições de crédito e na produtividade.
O futuro das próximas gerações está condicionado ao que está sendo planejado hoje e, conforme citamos anteriormente, a garantia dele passa por um crescimento econômico sustentado a longo prazo. Se juntarmos nessa jornada todas as melhorias relevantes para o desempenho econômico que aqui citamos, com nossas vantagens comparativas tais como álcool e biocombustíveis, novas prospecções de petróleo, biodiversidade amazônica, produção em larga escala de alimentos, ninguém segura o Brasil. Certamente seremos um dos países mais vitoriosos nas próximas décadas. A Fiesp é muito confiante no futuro Brasileiro.
Acreditamos que basta trabalhar em conjunto pela busca de resultados inovadores e o futuro das próximas gerações estará garantido
*Paulo Skaf é presidente da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp)
Fonte: Estadão