Pré-Sal: Exploração começa em maio

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A reserva petrolífera do Pré-sal, da Bacia de Santos, esperança brasileira de auto-suficiência em petróleo de boa qualidade, transformando o País em um grande exportador, só deverá atingir sua produção plena por volta de 2015, quando a Petrobras atingirá o patamar de 500 mil barris/dia no campo de Tupi. Mas ao contrário do que se esperava, as atividades de exploração na região começam imediatamente. Mais precisamente no dia 1º de maio. Nessa data a Petrobrás e suas parceiras privadas, BG Group e Galp Energia, darão início ao Teste de Longa Duração (TLD) do Campo de Tupi (bloco BM-S-110).
O navio-plataforma FPSO São Vicente, de extração, armazenamento e transporte de petróleo, que deixou Cingapura no dia 7 de fevereiro, onde foi adaptado, está a caminho do Brasil, para iniciar as atividades no poço 3-RJS-646, onde ficará acoplado. O poço teve a sua perfuração concluída, foi testado e apresentou bons resultados. Neste momento, ele está sendo preparado para ser conectado ao navio- plataforma. A previsão é de que este primeiro poço produzirá diariamente cerca de 10 mil a 20 mil barris diários de petróleo e gás, ao longo de todo o período do TLD. O navio-plataforma FPSO São Vicente tem capacidade de produção de até 40 mil barris/dia.
A expectativa da Petrobras é de que o teste dê a dimensão exata do tamanho da reserva, calculada entre 5 e 8 bilhões de barris, permitindo conhecer melhor o mecanismo natural de produção da jazida e outras informações sobre a atividade de exploração no pré-sal, que vão subsidiar os projetos definitivos da área. Em princípio, o óleo de Tupi apresenta características semelhantes ao árabe, de tipo leve, de melhor qualidade e preço. É preciso saber se esse padrão permanece nesta etapa. Também é necessário conhecer qual o comportamento do reservatório durante o processo de extração, uma vez que a camada de sal apresenta instabilidades que podem difi cultar os trabalhos.
Na fase seguinte dos testes, a Petrobras instalará uma plataforma-piloto, com capacidade para 100 mil barris/dia. Essa unidade deverá entrar em operação no final de 2009 ou início de 2010 e deve operar durante dois anos. Só depois dessa etapa é que a Petrobras começará o trabalho para instalação de uma plataforma permanente, o que deve ocorrer entre 2011 e 2012.
Nos últimos dois anos, foram perfurados dez poços exploratórios na província petrolífera. Todos indicaram a presença de petróleo e gás. Outros nove poços ainda serão perfurados no pré-sal da Bacia de Santos ainda este ano.
Apenas Tupi tem metade das reservas comprovadas do País, que são de 13,920bilhões de barris de petróleo e gás, levando em conta critérios adotados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).LOGÍSTICA É

O MAIOR DESAFIO

Para os especialistas da Petrobrás, o maior desafio a ser enfrentado no pré-sal não será o tecnológico, mas o logístico. O campo de Tupi fica a uma distância de até 300 km da costa. Nenhum helicóptero hoje apresenta autonomia para percorrer a distância do litoral até o campo. Para se ter ideia da dificuldade, as atividades da Bacia de Campos demandam o transporte diário por helicóptero de até 50 mil trabalhadores. Por volta de 2015, quando a Petrobras pretende produzir 500 mil barris/dia em Tupi, o fl uxo de funcionários será semelhante. Como a empresa vai transportar tanta gente, é uma questão ainda não respondida.

QUEM É QUEM NO PRÉ-SAL

O pré-sal é uma área exploratória das bacias do Sudeste e do Sul, já mapeado pelo levantamento de superfície que permite conhecer as características do subsolo, que vai de Santa Catarina ao Espírito Santo, numa área de 800 km de comprimento por 200 km de largura, em águas profundas e ultra profundas.
O Polo Pré-Sal da Bacia de Santos é composto pelas áreas dos blocos BM-S-8, BMS-9, BM-S-10, BM-S-11, BM-S-21, BM-S-22 e BM-S-24. Fica a cerca de 300 km da costa do estado do Rio de Janeiro e em torno de 350 quilômetros da costa do estado de São Paulo, em lâminas d’água ultraprofundas que variam de 1.900 a 2.400 metros. Com exceção do bloco BM-S-24 (Júpiter), com potencial para grande produção de gás natural, todos os demais têm planos de avaliação aprovados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Esses planos prevêem a perfuração de 22 poços de avaliação nos próximos cinco anos, juntamente com a execução de sete testes de longa duração (TLD).
Ainda no pré-sal da Bacia de Santos, onde a Petrobras tem cerca de 60% dos interesses econômicos, a expectativa é de que a produção de petróleo atinja a ma

rca de 1 milhão de barris diários em 2017, apenas 12 anos após a descoberta de Parati, a primeira jazida no pré-sal, em 2005.Veja abaixo a lista dos parceiros da Petrobras no pré-sal de Santos

INDÚSTRIA MUNDIAL AINDA SEM CAPACIDADE PARA ATENDER ÀS
DEMANDAS DE EXPLORAÇÃO NO PRÉSAL

A capacidade atual instalada da indústria mundial fornecedora de bens e serviços para o setor de petróleo e gás não será sufi ciente para atender às futuras demandas da Petrobras para os seus projetos do pré-sal. Esta é a avaliação do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo. Segundo o principal executivo da estatal, será necessário expandir a capacidade do Brasil e das indústria mundial e a empresa usará seu poder de compra para ajudar o País a atrair investimentos na fabricação de equipamentos petrolíferos.
Por mais que o cenário atual da economia mundial esteja complicado, Gabrielli ressalta que o Brasil precisa olhar longe. "O momento é de enfrentar desafios, manter o otimismo no futuro com consciência da realidade. Nossa decisão de hoje terá impacto dez, 15 anos depois para a Petrobras e para quem estiver no nosso entorno", assegurouGabrielli.
"Temos capacidade de alavancagem pelo volume das nossas compras. Teremos que antecipar contratos, dar suporte a fornecedores estratégicos que tenham interesse em ampliar capacidade, captar recursos e atrair novos parceiros. Este é um desafio, não apenas para a Petrobras e seus associados, mas também para seus fornecedores, que têm uma oportunidade rara de crescer", explicou.
Firmar contrato de longo prazo com fornecedores e lançar um programa agressivo de licitações também são estratégias que a Petrobras vem articulando para enfrentar os desafios dos próximos anos, entre eles o présal. Até 2015, serão realizadas mais 175 licitações, além da encomenda de 55 sondas (28 a serem construídas no Brasil).
Para o pré-sal, Gabrielli ressaltou que os desafios envolvem logística, automação, desenvolvimento de novos materiais e sistemas para escoamento de gás. Há ainda a questão do modelo de produção. Ele ressaltou que a Petrobras iniciará a produção com o modelo vigente, mas terá que atualizá-lo à medida que for detendo novos conhecimentos.
Da província do pré-sal, de 112 mil km2,62% ainda não foram submetido a concessão e 31% da área concedida (cerca de 35 mil km2) conta com participação da Petrobras. Gabrielli deixou claro que embora o Governo tenha legitimidade para resolver o que fazer com as áreas ainda não concedidas, é importante levar em consideração que no momento atual da economia mundial a importância estratégica do petróleo e gás se torna ainda maior. "As grandes descobertas no mundo vem escasseando desde 2000. Nós temos descobertas recentes e que já estão produzindo, a exemplo de Jubarte", declarou

Fonte: Estadão


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