Muito se tem falado dos programas que José Serra e Dilma Rousseff apresentaram ao Tribunal Superior Eleitoral para justificar o registro de suas candidaturas à Presidência da República. Há críticas de um lado e de outro.
O candidato do PSDB reuniu discursos que definiriam a pauta de trabalho em favor do País, com ênfase na questão da economia voltada às atividades produtivas. A candidata do presidente Lula da Silva e do PT apresentou dois programas. O primeiro não valeu. Seria muito "petista", e não ajudaria na estratégia das coligações. E, já se cogitou de um terceiro programa, cuja flexibilidade balançaria segundo os ventos das alianças, mais ampliadas.
O programa da candidata Marina Silva foi objetivo. Expõe sete diretrizes, com prioridade para a educação.
No fundo, pelos dados disponíveis, faltou estrutura de pensamento, de conteúdo mais abrangente, em todos os programas apresentados. A realidade brasileira tem múltiplas faces, de Sul a Norte, de Leste a Oeste, num País de tantas diferenças e, em especial de tantos desequilíbrios econômicos e sociais.
Para um País, cuja dimensão é a dimensão de seus problemas, um programa, eventualmente feito no calor das alianças ou na solidão autossuficiente de um candidato, não será jamais suficiente para justificar uma candidatura. Obviamente não se espera que um programa seja um tratado de sociologia política. Mas deve ser um balizamento. Se possível, uma bússola para o eleitor. Menos que isso, é imaginar que o eleitor não vai somar 2+2 para avaliar o seu candidato.
Ao longo dos anos os candidatos, em sua grande maioria, se acostumaram a negligenciar o eleitor. Falam para o vídeo. E, quando falam para o vídeo, falam para a multidão anônima, se esquecendo de que ela merece a consideração de quem a procura. Sem ela, não existiria democracia. Mais ainda: não existiria Nação. E, um programa, deveria, no mínimo, sugerir um projeto de Nação.
Um projeto de lei e um tiro ao Álvaro
Recebo e-mail do prezado amigo e geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos. Conta ele que soube, por um amigo, de projeto de lei do senador Romeu Tuma, propondo alteração no Estatuto da Cidade, tendo em conta os desastres ocorridos em cidades brasileiras, ocasionados por fenômenos naturais – chuvas, deslizamentos de encostas etc. Diz o geólogo que seu nome foi divulgado como se ele estivesse apoiando o projeto. E desabafa: "Esse projeto, se aprovado, será inaplicável. Usa uma série de termos (morro, montanha, etc. etc), que não possuem conceitos normatizados em geologia ou em geomorfologia, o que poderá uma confusão absurda em sua aplicação." Pois é, digo eu. O que houve, com esse projeto do senador Tuma, foi um "tiro ao Álvaro", com minhas desculpas ao Adoniran.
Fonte: Estadão