A ideia de usar material descartado na obra de revitalização da avenida Getúlio Vargas, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, partiu dos arquitetos e urbanistas Keiro e Yumi Yamawaki, sócios da Proa Arquitetura. A empresa, responsável pelo projeto, especificou a aplicação do material nas lixeiras, bancos, floreiras, totem informativo e pisos. Para tanto foram utilizados restos de pedras de granito e mármore extraídas da região no intuito de valorizar as riquezas locais e contribuir para o desenvolvimento sustentável.
Yumi Yamawaki conta que foi informada da existência do depósito de uma marmoraria em Piraquara. "Fomos até lá para conhecer e fiquei fascinada. Desenvolvemos todo o mobiliário com as partes irregulares e brutas das pedras que não serviriam para a confecção de tampos de granito e mármore”, conta a arquiteta.
Ela afirma que a sustentabilidade na arquitetura vai muito além das questões que envolvem conforto das edificações. "Trata-se de uma premissa fundamental que envolve questões sociais, éticas, econômicas, tecnológicas e culturais”, destaca.
O projeto
A Proa Arquitetura realizou um diagnóstico da área e constatou que os moradores não usufruíam dos espaços públicos da cidade por falta de alternativas de estar e lazer, principalmente aos idosos, jovens e mães com filhos pequenos. "Os espaços públicos existentes serviam somente de passagem, pois as calçadas eram estreitas e sem atrativos. O tráfego pesado de caminhões também tornava o ambiente desagradável tanto em relação ao barulho como a poluição do ar", afirma Keiro Yamawaki.
Porém, a avenida principal de Piraquara contava com dois grandes potenciais paisagísticos: a paisagem natural da Serra e o conjunto arquitetônico histórico. Sendo assim, para a intervenção, a avenida Getúlio Vargas foi dividida em quatro trechos.
O primeiro deles, que vai da linha férrea até a Rua Padre João Leconte, foi representado pelo centro antigo do município. O segundo, que se estende até a Rua Guilherme Beetz, foi considerado uma área residencial com presença de comércio e serviço de pequeno porte. Já o terceiro trecho possuía uma área de comércio e de serviço de maior porte, mas contava com a presença de vazios urbanos, áreas pouco aproveitadas, se estendendo até a Travessa Deodoro, no encontro com o prédio da Prefeitura Municipal de Piraquara. Por fim, o quarto trecho foi considerado uma área institucional, com a presença da Prefeitura, Fórum e Câmara Municipal.
Segundo a arquiteta Yumi Yamawaki, estas diferentes características ao longo da avenida fizeram com que cada trecho recebesse um tratamento específico. A revitalização contemplou o alargamento das ruas, a construção de rampas em todas as esquinas – para facilitar o acesso aos cadeirantes, ciclovias, um calçadão para a realização de feiras de artesanato e produtos locais, novo mobiliário, áreas de lazer, a colocação de fontes de água para lembrar aos moradores e turistas que Piraquara é o principal manancial abastecedor da região, entre outras melhorias.
“A revitalização do Centro Histórico de Piraquara teve como objetivo estimular a população do município a reforçar seus referenciais simbólicos e contribuir para o desenvolvimento local, incentivando assim o funcionamento do comércio e do turismo em conjunto com a valorização da paisagem urbana e do patrimônio cultural”, conclui Yumi Yamawaki.
Fonte: Padrão