Sindipetro é contra o leilão do campo de Libra

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O presidente do Sindicato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Emanuel Cancella, é voz dissonante em relação às especulações sobre o atual quadro da Petrobras.

Ele discorda de que a empresa petrolífera não detenha tecnologia suficiente para explorar o pré-sal. “Foi ela quem descobriu e tem perspectivas muito boas”, cita. De acordo com ele, a exploração na camada deveria ser tratada como “estratégica”.

Emanuel menciona o exemplo do leilão do campo de Libra, o maior já descoberto, marcado para outubro. “A Petrobras fez um trabalho de geologia e geofísica. Há 14 bilhões de barris de petróleo no campo. O risco é zero. No entanto, ele vai ser leiloado. Por que vamos leiloar se o Brasil é autossuficiente nessa indústria?”, critica.

De acordo com ele, essa prática preconiza o “entreguismo e o complexo de colônia” do Brasil. Segundo informado pelo Sindipetro, a produção de petróleo no pré-sal é de US$ 30 o barril, quando o valor de mercado é de US$ 100 o barril. “Duvido que um país desenvolvido, com um campo de petróleo nessas condições, faria o mesmo”.

É nessa linha de não priorizar negócios rentáveis, além de gastar mais do que recebe, que o Sindipetro tem severas críticas à Petrobras. “O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) é altamente financiado pela empresa. Tem que se financiar obras públicas. Mas um monte delas é equivocado”, afirma. Ele ainda criticou o plano de investimento da empresa de 2013 a 2017, que prevê gastos de R$ 236,7 bilhões: “O investimento é para permitir que a empresa seja uma grande exportadora de petróleo. Mas para que isso?”.

Sobre a nacionalização da indústria do petróleo, ele vê distorção. “O governo Lula criou o conteúdo nacional para navios, plataformas, sondas, dentre outros equipamentos, mas isso não é respeitado. Como a multa é barata, as empresas preferem pagá-la e trazer conteúdo de fora”, conta. Ele acredita que a Petrobras, via BNDES, deveria capacitar as empresas e a mão de obra na área de petróleo. “O plano de investimentos da companhia não propõe incentivar a indústria nacional”.

Técnico da estatal há 37 anos, Emanuel discorda da venda de ativos para repor a deficiência financeira da empresa. “A venda de ativos é prejudicial. Terá que pagar depois para utilizar os mesmos ativos”, avalia.

Emanuel apoia o subsídio ao diesel como forma de baratear os custos de transporte. Sobre nepotismo na Petrobras, o presidente do Sindipetro afirma que chegou a entregar à Polícia Federal um ofício com supostas pessoas envolvidas na prática.

Emanuel Cancella, do Sindipetro-RJ

(Augusto Diniz – Rio de Janeiro/RJ)

Fonte: Revista O Empreiteiro


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