A Usina Termelétrica (UTE) Porto de Sergipe I, projeto da Celse — Centrais Elétricas de Sergipe, controlada pelo grupo brasileiro Ebrasil (50%) e a norueguesa Golar Power (50%), está em fase de comissionamento e entra em operação comercial em janeiro de 2020 – concluindo as obras iniciadas em agosto de 2017 com terraplenagem.
“O comissionamento da planta é dividido em duas fases: a frio e a quente (gás). O comissionamento a frio está praticamente concluído enquanto o
comissionamento a quente deve começar no quarto trimestre de 2019, quando teremos o gás para executar os testes”, explica Luciano Silva, diretor do Projeto da UTE pela GE.
O empreendimento fica localizado em Barra dos Coqueiros, na Região Metropolitana de Aracaju (SE).
Trata-se de usina térmica movida a gás natural em ciclo combinado. A capacidade de geração atinge cerca de 1.
551 MW
Ao adotar a solução de engenharia que modularizou os equipamentos da termelétrica, foi possível, segundo a GE, gerenciadora e montadora do empreendimento, reduzir o prazo de execução em até 18 meses.
Foram utilizados 103 módulos, sendo 33 módulos das caldeiras (HRSG), 25 do sistema de utilidades (BOP) e 45 do sistema interno das caldeiras (OCC).
Todos os principais equipamentos da térmica foram fabricados pela GE, sendo três turbinas a gás da classe 7HA, uma turbina a vapor, três caldeiras de recuperação de calor (HRSG), quatro geradores, quatro transformadores elevadores (este fabricados na fábrica de Canoas-RS) e os equipamentos para a subestação de 500kV.

Os módulos foram transportados via marítima, desembarcados no Terminal Inácio Barbosa (TMIB), em Barra dos Coqueiros, e transportados até o canteiro de obras.
Devido a limites de capacidade de carga do TMIB, os quinze módulos mais pesados e os maiores precisaram ser levados de balsa para um píer temporário construído no Rio Pomonga, que corta o município onde está o empreendimento.
Foram utilizadas duas rotas para o transporte dos módulos até o canteiro de obras. A primeira rota compreendeu a construção de uma estrada interna para ligar o terminal marítimo à UTE Porto Sergipe I, com uma distância de aproximadamente 1,5 km, em que foram utilizados trailer (linha de eixo) e caminhões para transporte da maioria das peças.
A segunda rota consistiu no descarregamento dos quinze módulos mais pesados e maiores no TMIB e a seguir em uma balsa, que transportou os conjuntos pelo rio Rio Sergipe, que separa os dois municípios litorâneas Aracajú e Barra dos Coqueiros, até o píer do Pomonga. Do píer provisório, De lá, eram carregados em trailers (linhas de eixo guiadas) e levados para o site.

“Quando comparado ao método convencional de construção, a modularização requer um esforço adicional significativo de planejamento e engenharia. Muitas variáveis precisam ser consideradas para sua correta execução”, conta Luciano.
Para o sucesso do plano audacioso de construir a maior usina termoelétrica da América do Sul, focou-se muito também no planejamento integrado das áreas de engenharia, suprimentos e logística e construção, segundo ele.
O contrato no modelo turnkey permitiu que a GE gerenciasse de forma integrada essas três áreas, disponibilizando sua estrutura global de projeto, manufatura, cultura em EHS (Environment, Health and Safety) e corpo técnico especializado.
O executivo relata que foi essencial no desenvolvimento do projeto antecipar a especificação de componentes e sistemas da planta; identificar todos os gargalos de infraestrutura no local da construção e logística para transporte das peças; produzir e revisar o modelo 3D em conjunto com os integradores dos módulos e realizar reuniões de construtibilidade com os times das subcontratadas, entre outros.
O maior módulo pesava 318 t, com 8,5 m de altura, 8,5 m de largura e 33 m de comprimento. Os 58 módulos principais (HRSG e BPO) somam cerca de 6 mil t.
“Quando os módulos chegavam ao destino, o foco ficava na coordenação com as autoridades de trânsito e infraestrutura de rodovias públicas para gestão do tráfego, em função do transporte das peças até o site, bem como a comunicação com as comunidades locais que residem e transitam ao longo da rodovia”, explica Luciano.
“No site, a instalação busca uma correta e segura execução do içamento até a posição final, bem como inspeções para validar a montagem”. O plano de rigging foi uma das principais atividades durante a montagem eletromecânica. Devido ao tamanho dos módulos e peso, tinha-se uma estrutura especial de acompanhamento para garantir que a execução fosse feita com segurança.
Foram necessários dois guindastes de 800 t e dois de 400 t modelo no site por sete meses. Além destes, em torno de vinte guindastes menores foram utilizados para as demais atividades de içamento.
A GE tem larga experiência em modularização de projetos no setor de energia, contudo na UTE Porto de Sergipe I, ela levou a modularização a um novo patamar, e aplicou o conceito em cerca de 70% da montagem da usina.
Isso foi o fundamental para que nosso cliente pudesse agilizar a obtenção do financiamento do projeto.
Os fornecedores no empreendimento se concentraram nas áreas de obra civil, montagem eletromecânica, integração elétrica e comissionamento. Em novembro de 2018, chegou-se a ter cerca de 3.000 colaboradores trabalhando na obra.