Os investimentos em água, saneamento, gás e comunicações previstos pelas companhias sinalizam forte crescimento do uso dos Métodos não Destrutivos (MND) no Brasil. Durante cinco dias o III Congresso Brasileiro de MND – Métodos Não Destrutivos – e I No.Dig – Edição Latino Americana, realizado pela Associação Brasileira de Tecnologia Não Destrutiva (Abratt), de 11 a 15 de fevereiro, no Hotel Transamérica, reuniu especialistas do mundo inteiro, clientes e fornecedores, mostrando exemplos de aplicação do MND no Brasil. “Esse evento é o resultado de um esforço de mais de 10 na divulgação da tecnologia do Brasil e que agora começa a dar frutos”, destacou Sergio Palazzo, presidente da Abratt.Só a Sabesp prevê R$ 300 milhões destinados a aplicação dos Métodos não Destrutivos, por conta do seu amplo programa de investimentos. Gesner Oliveira, presidente da Sabesp, apresentou os planos da companhia, vanguardista no uso de MND no Brasil desde 1974 contabilizando mais de 212 km de redes. “Além de ser um sistema que reduz impacto social e ambiental, sua aplicação passa por uma determinação pessoal do governador José Serra, fruto de sua experiência durante a gestão pela prefeitura de São Paulo, quando incentivou o uso do método em maior escala.”, disse ele. Ressaltou a estratégia de crescimento da Sabesp, o que inclui a expansão dos serviços em São Paulo, onde atende a 367 municípios, assim como em outros estados aproveitando a regulamentação do setor. Dentre as metas da empresa estão a ampliação do serviço de abastecimento de 78% a 84%, e do de tratamento de esgoto, de 63% para 83%, até 2010. Dentre os principais projetos em andamento estão o de reuso de água no pólo petroquímico de Capuava, que deve atingir a 1000 l/s – equivalente ao abastecimento de Santos – a 3ª fase do projeto, com a expansão das redes de tubulações, e o projeto Córrego Limpo, com obras em 42 córregos da capital paulista.Sergio Gonçalves, do Ministério das Cidades, destacou o montante de R$ 40 bilhões, provenientes de diversas fontes federais, destinados ao setor de saneamento. Por sua vez, a Comgás prepara-se para expandir sua rede de distribuição principalmente para os clientes residenciais, com projetos em dois grandes bairros da capital paulista: serão implantados 200 km de redes na Penha, em cinco fases, e 179 km de redes na Vila Sonia, em quatro fases. O diferencial destes programas, segundo José Carlos Broisler Oliver, da Comgás, é a instalação das tubulações em MND sob a região das calçadas e não dos pavimentos, exigindo o uso de equipamentos de perfuração de menor porte.Participação internacionalO evento contou com a participação de Dec Downey, presidente da ISTT, e Samuel Ariaratnam, da Arizona State University, vice-presidente da entidade que coordenou os trabalhos do Colóquio Internacional de professores. O professor destacou a grande necessidade atual das grandes cidades na ampliação e requalificação dos serviços de infra-estrutura, principalmente na China e Índia, exigindo um grande aporte de tecnologia em MND. Ele destacou o desenvolvimento da tecnologia HDD (perfuração horizontal direcional), destinadas a trajetos mais longos, com duas máquinas operando simultaneamente, com um ponto de encontro entre elas por meio de um imã eletromagnético ou a laser, como um dos principais avanços do setor, além do sistema de perfuratrizes capazes de executar a troca de revestimento das tubulações.O colóquio teve a presença também de Lucio Soibelman, da Carnegie Melon University, que abordou a evolução dos sistemas de gerenciamento de redes e monitoramento, através de sensores e câmeras. Ele dedica-se ao desenvolvimento dos robôs (RedZone), capazes de captar imagens das condições das tubulações. “O desafio no campo do gerenciamento é obter um sistema capaz de interpretar esse enorme volume de dados indicando as ações necessárias, e reduzindo o trabalho do homem”José Leomar Fernandes, da USP São Carlos, abordou a questão dos custos sociais das obras de infra-estrutura, que resvalam na falta de integração entre os órgãos governamentais, resultando em retrabalho e elevação dos custos. Tarcisio Barreto Celestino, coordenador brasileiro do colóquio, destacou o elevado nível dos debates e nível tecnológico apresentado no congresso. “O evento marca uma nova etapa do MND no Brasil demonstrando o grande interesse por essa tecnologia vindo de diversos segmentos”, enfatizou.EmpresasA Intech Engenharia: mostrou as diversas soluções disponíveis de proteção anti-corrosiva de dutos de transporte (óleo, gás e água), como as mantas termocontráveis Covalence Raychem para dutos de aço enterradas, produzidas em polietileno de alta densidade irradiado e revestimento com adesivo hotmelt ou mastic. O sistema já foi utilizado em diversas obras como Gasoduto Bolívia-Brasil e Gasoduto Argentina-Chile.A divisão Canalização da Saint Gobain, mais conhecida no Brasil pelo fornecimento de tubulações de ferro fundido, apresentou sua tecnologia de perfuração indicada para trechos extremamente curtos (de 500m), seja em áreas urbanas ou rurais. Os executivos Patrick Dupin e Dilip Thillier destacaram o potencial do mercado, evidenciado pela participação das principais empresas mundiais, enfatizando ser este o momento ideal para a introdução da tecnologia Saint Gobain país.A Veermer apresentou sua tecnologia HDD Six Shooter, com elevada capacidade de análise do solo e definição do melhor trajeto de operação, em área de menor resistência. A Sanit apresentou seu know hou na execução dos sistemas Piperbursting, HDD, inserção de tubos, ou revestimentos de tubulações. A Sondeq apresentou seu MND Shopping, com as diversas opções de equipamentos de perfuração. Fonte: Estadão