É preciso dobrar capacidade de tratamento de esgoto até 2018

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O instituto Trata Brasil alerta que a geração de esgoto na RMSP tende a superar a capacidade das ETEs

Joás Ferreira

Para universalizar a coleta e o tratamento de esgotos na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), até 2018, a Sabesp terá de dobrar a capacidade das estações de tratamento de esgotos (ETE), evoluindo dos atuais 18 m³/s para 36 m³/s. É o que informa a presidente da empresa, Dilma Pena.

O Instituto Trata Brasil não vislumbra, a curto prazo, a solução para o problema, pois acredita que o índice de crescimento da demanda por serviços da saneamento no estado ainda se mantém maior do que a capacidade de atendimento, mesmo com todos os investimentos alocados. Na região Sudeste, onde está inserido o estado, segundo o Atlas do Saneamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em fins de 2011, 95% dos municípios possuem algum tipo de coleta, mais da metade dos domicílios tem acesso à rede de esgoto (68,9%) e em média 48% de municípios oferecem tratamento de esgoto.

Dilma Pena prevê, entretanto, que em 2015 uma parte significativa daquela capacidade (26 m³/s) já deverá ter sido atingida, quando poderá estar concluída a implantação da terceira etapa do Projeto Tietê. Esta etapa envolve a extensão dos serviços de saneamento para 1,6 milhão de pessoas, com investimentos de R$ 739,4 milhões em sistemas de coleta e tratamento de esgotos, em dez municípios da RMSP. A terceira etapa é constituída por obras em 29 municípios, sendo que em 19 já estão iniciadas.

Para a quarta etapa do Projeto Tietê, segundo Dilma Pena, já foi desenvolvido o planejamento estratégico e algumas iniciativas já têm contratados os estudos de projeto básico. A operação urbana da Zona Leste, da capital, envolve dois córregos muito importantes da região (Jacu e Itaquera) que estão dentro dessa quarta etapa, para os quais já foram iniciadas as negociações de financiamento, via FGTS. “Essa operação deve ser realizada em consonância com a prefeitura, pois exigirá o remanejo de quase mil famílias”, destaca Dilma.

Além disso, e sempre com vistas à universalização dos seus serviços, a Sabesp está desenvolvendo um intenso trabalho de convencimento para que municípios da RMSP, como Guarulhos, Diadema, Santo André, Mauá, Mogi das Cruzes, também se integrem ao programa, ao longo da década. A presidente da empresa afirma que “o rio Tietê só atingirá os níveis de recuperação projetados, se esses municípios estiverem integrados ao projeto”.

Os planos da Sabesp incluem a previsão de investimentos, até o fim do período previsto, de R$ 16 bilhões, sendo que a maior parte será destinada para a região metropolitana, com a seguinte divisão: R$ 5,4 bilhões, em água, e R$ 7,4 bilhões, em esgoto.

DESEMPENHO E PLANOS

Em 2010, a Sabesp teve uma receita líquida de R$ 9,2 bilhões e o seu lucro foi de R$ 1,6 bilhão líquido, de acordo com sua presidente. Para ela, uma empresa de saneamento, para ser sustentável e competitiva e poder universalizar os serviços, tem de ter lucro. “Só assim é possível conseguir financiamentos de longo prazo e a custos compatíveis com a rentabilidade da prestação dos serviços de saneamento”.

Do lucro auferido, de acordo com a lei das sociedades anônimas, perto de 25% vão para os acionistas e os outros 75% são usados como contrapartida para os financiamentos, que podem ser do BID, do Banco Mundial ou do FGTS. “É isso que garante uma estrutura de financiamento programada no longo prazo”, diz Dilma.

O plano de investimentos da companhia prevê a conclusão da instalação da infraestrutura necessária para universalizar os serviços de saneamento na RMSP. Para que isso se efetive, ela pretende aportar um investimento anual médio de R$ 1,8 bilhão.

No interior do estado, exceto para o litoral norte, a Sabesp tem obras contratadas ou em fase de licitação. “Acabamos de lançar um programa para o atendimento de comunidades rurais, cuja responsabilidade será dividida entre o estado, através de recursos orçamentários, e a Sabesp, no que diz respeito à implantação de sistema simplificado de abastecimento de água.

O estado também aportará recursos para a implantação de sistemas individuais para tratamento de esgoto. As duas áreas prioritárias, para esse novo plano, serão Vale do Ribeira e região do Paranapanema”, informa.

“Diante de um panorama de mercado de saneamento, que exige uma engenharia inovadora, é preciso destacar o nosso programa de formação de recursos humanos, dentro da empresa”, afirma Dilma. A partir de 2012, um grupo de pelo menos dez engenheiros e de outros profissionais fará mestrado e outros cinco, doutorado, em áreas tidas como importantes para os planos da empresa.

MACROMETRÓPOLE

A macrometrópole paulista é constituída pelas três principais regiões metropolitanas – São Paulo (com 20 milhões de habitantes), Campinas (4,8 milhões) e Baixada Santista (1,6 milhão) e mais parte do eixo Paraíba do Sul (1,7 milhão) e do eixo de Sorocaba (1,4 milhão). Ela responde por 25% do produto interno bruto (PIB) nacional. Somente a região metropolitana de São Paulo, representa 17% do PIB. No geral, toda essa região apresenta escassez quantitativa e qualitativa de água, além de exigir alta complexidade e diversidade de conflitos em termos de gestão de recursos hídricos.

CAPACIDADE NOMINAL DE PRODUÇÃO DE ÁGUA (M³/

Informações básicas da Sabesp
• Atende a 364 municípios dos 645 do Estado de São Paulo
• Fornece água a 23,6 milhões de pessoas e serviço de esgoto a 20 milhões de pessoas
• Vende água tratada no atacado a seis municípios (3,5 milhões de pessoas)
• Atua em parceria em quatro municípios de SP
• Cobre 68% da população urbana do estado
• Receita líquida 2010: R$ 9,2 bilhões
• Lucro líquido 2010: R$ 1,6 bilhão

PRINCIPAIS INDICADORES OPERACIONAIS DA SABESP


1Medido em ligações por empregado / 2Plano de diminuir essas perdas para 13%, em 2019
(Matéria baseada em palestra promovida pelo Instituto de Engenharia (IE) em parceria com o Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), sob o tema geral “Recursos hídricos, saneamento e gestão metropolitana – Novos
desafios”)

Fonte: o


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