Cidades submersas; estradas tornadas impraticáveis pelo deslizamento de pedras e terras, ou cujo pavimento sofreu processo de desmoronamento pela ação das chuvas ou pela falta de serviços de drenagem das águas pluviais; árvores que foram arrastadas e ficaram esparramadas pelas pistas; casas que desabaram e ficaram sepultadas na lama; grossos volumes de terra que desceram pelas encostas e enterraram residências e moradores; o avanço das águas que destruíram o porto de Itajaí; armazéns inundados; e as áreas de operação comprometidas. No conjunto, prejuízos acumulados de mais de R$ 200 milhões e a indústria cerâmica regional registrando perda de produção diária de 270 mil m², correspondentes a R$ 4,1 milhões.
No fundo, a tragédia, em maior escala, repete os acontecimentos que ali ocorreram em nos anos 70 e 80 do século passado.
Denúncia, no editorial desta edição, lembra que as autoridades que se sucederam nas administrações municipais, estadual e federal, não conseguiram, em nenhuma dessas ocasiões, dar as respostas que Santa Catarina exigia. Não foram adotadas medidas contra a ocupação anárquica das áreas rurais e urbanas; houve falhas no controle nos serviços de contenção das encostas e absoluta negligência no monitoramento dos ciclos das chuvas, quando se sabe que, nesses períodos, o nível na bacia do rio Itajaí-Açu sobe de modo a colocar em risco as populações do campo e da cidade e toda a infra-estrutura rodoviária, de energia e saneamento.
As fotos aqui publicadas foram disponibilizadas pela Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS). Alberto Sayão, presidente da entidade, informa que não parou de receber comunicados da comunidade da engenharia geotécnica naquele Estado. Geotécnicos ligados à ABMS vistoriaram diversas regiões, bem como sítios de Blumenau, Joinville e Itajaí. Dentre os engenheiros que têm procurado dar atendimento à situação no Estado, examinando as causas das ocorrências e preparando relatórios técnicos, se encontram Edgar Odebrecht, Hudson Régis, Luís Sales e Luiz Antoniutti (coordenador).
Fonte: Estadão