Brasil precisa triplicar investimentos do PAC para superar gargalos de infraestrutura, aponta estudo da Fundação Dom Cabral

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Apesar dos avanços recentes, o Brasil ainda enfrenta um grave déficit de infraestrutura que compromete sua competitividade no cenário internacional. Essa é a conclusão de um estudo da Fundação Dom Cabral (FDC), realizado a pedido do Fórum Econômico Mundial, que indica que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mesmo com seus R$ 80 bilhões previstos até 2014, é insuficiente para suprir décadas de estagnação em obras estruturantes.

De acordo com o estudo, o país deveria triplicar os investimentos, totalizando pelo menos R$ 250 bilhões, para alcançar uma infraestrutura compatível com seu tamanho territorial e ambições econômicas.

“Ficamos 30 anos sem investir adequadamente em infraestrutura. O PAC é um passo importante, mas ainda está correndo atrás do tempo perdido”, afirma Paulo Resende, coordenador de infraestrutura e logística da FDC.

Competitividade em queda

A análise se baseia também na queda do Brasil no ranking global de competitividade, que passou da 59ª posição em 2006 para o 64º lugar no ano seguinte. O estudo sugere que, diante das deficiências em logística, saneamento, energia e transportes, o PAC deveria ser renomeado para Programa de Recuperação do Crescimento, refletindo mais fielmente seu papel atual.

Setores críticos: portos, rodovias e energia

O levantamento detalha as áreas mais críticas e o descompasso entre os investimentos necessários e os previstos:

  • Portos

    • Necessário: R$ 15 bilhões

    • Previsto: R$ 5 bilhões

    • Situação: infraestrutura obsoleta e gargalos operacionais que comprometem exportações

  • Rodovias

    • Necessário: R$ 25 bilhões

    • Previsto: R$ 14 bilhões

    • Situação: más condições de tráfego e baixa capacidade de escoamento da produção

  • Distribuição e Transmissão de Energia

    • Necessário: R$ 10 bilhões

    • Previsto: R$ 5,6 bilhões

    • Situação: risco de sobrecarga e lentidão em projetos de expansão

Caminhos propostos: marcos regulatórios e PPPs

Para destravar o investimento em infraestrutura, a FDC destaca a necessidade urgente de marcos regulatórios estáveis, livres de interferência política, e do fortalecimento das parcerias público-privadas (PPPs) como mecanismos para atrair capital e acelerar obras.

“O PAC é o melhor exemplo das últimas três décadas. Foi o único programa que se traduziu em obras. Agora, é hora de acelerar”, conclui Resende.


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