A entrevista que o arquiteto e urbanista Jorge Wilheim me prestou, para a edição de julho último da revista O Empreiteiro (A matéria saiu publicada com o título geral História, idéias e projetos para São Paulo ingressar no século 21) é muito ampla e vai permitir uma série de reflexões, ao longo do tempo, sobre o que fazer para melhorar a condição das grandes metrópoles e o dia a dia de seus cidadãos.
Ele concorda com o pensamento, já assimilado pela sociedade, de que se faz necessária a recuperação de centros urbanos tradicionais. São áreas invariavelmente bem servidas de infraestrutura de transporte, energia, abastecimento de água e esgoto e não tem sentido que permaneçam, hoje e sempre, entregues à degradação. “É necessário”, diz Wilheim, “que haja uma política de investimentos para modernizar os edifícios dessas áreas e para estimular a moradia e o comércio, além de outras atividades, incluindo aquelas ligadas ao lazer e à cultura.”
O importante é que a revitalização que venha a ser adotada não signifique a erradicação das características históricas desses ambientes, mas a sua manutenção, em favor da própria história da cidade. As obras para de revitalização teriam, portanto, responsabilidade mais ampla, do que aquelas especificamente de melhoria: seriam obras de compromisso com a identidade urbana.
Outro dado para o qual o urbanista chama a atenção é a necessidade de implementações do plano diretor. Essencial, nesse caso, a participação de todos, por intermédio de entidades que representem os mais diferentes segmentos sociais. Ele cita um pensamento de Jean Jacques Rousseau, segundo o qual “o interesse público não é a mesma coisa que o interesse de todos”. Por conta disso, cabe ao Estado arbitrar e determinar: “O interesse público passa por aqui e não por lá”.
Ocorre que, para a arbitragem correta – e são tantos os conflitos – , o Estado jamais poderia representar os interesses de grupos. Ele teria de representar os interesses da sociedade.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira