OHL encara o desafio de recuperar estradas no Brasil

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Empresa já iniciou programa de recuperação dos pontos críticos nas rodovias federais cujas concessões assumiu em agosto do ano passado, com obras que exigirão investimentos de R$ 4,2
bilhões, nos primeiros cinco anos, nos próximos cinco anos

Terça, feira, 1 de setembro de 2009, 20:30h. Um ônibus da viação 1001, linha Rio de Janeiro-Farol de São Tomé, seguia pela BR-101, na altura do km 200, próximo ao município de Casimiro de Abreu, com cerca de 40 passageiros a bordo, quando, ao tentar desviar de um carro em ultrapassagem perigosa, se desgovernou, saindo do acostamento e tombando lateralmente. Passados os primeiros instantes de pânico e perplexidade, alguns passageiros conseguiram abrir passagem pelas saídas de emergências e começavam a retirar mulheres e idosos, quando chegaram as primeiras ambulâncias de socorro da concessionária Autopista Fluminense, do Grupo OHL, que administra a rodovia.
"O socorro chegou muito rápido, ficamos surpresos com a eficiência e velocidade com que deram início ao atendimento às vítimas. Em menos de 10 minutos, seis ambulâncias da OHL se revezavam no transporte das vítimas para os hospitais mais próximos, enquanto dezenas de carros de apoio sinalizavam o lugar, trabalhavam na retirada do ônibus do matagal ou atendiam, no próprio local, os feridos em estado menos grave. Há mais de 20 anos transito por este trecho da rodovia e posso garantir: ela nunca esteve tão bem sinalizada e conservada, nem os usuários contaram com essa estrutura de apoio." O depoimento do motorista particular Augusto César Pereira, 32 anos, um dos passageiros do ônibus acidentado, confirma as informações da concessionária, de que está em curso um programa de obras emergenciais para reduzir o número de acidentes nas cinco novas rodovias federais, transferidas na concessão do início do ano passado (ver tabela abaixo), bem como a criação de uma eficiente estrutura de apoio aos usuários.
De acordo com a OHL Brasil, somente na Autopista Fluminense, empresa criada pela concessionária para administrar a BR-101 — trecho que vai da Ponte Presidente Costa e Silva (Ponte Rio – Niterói) até a divisa com o Espírito Santo –, os atendimentos atingiram, até o início de junho, a marca de 50 mil atendimentos a usuários, o que dá uma média de 174 atendimentos/dia. Desde o dia 15 de agosto do ano passado, os motoristas que passam pela rodovia contam com o Serviço de Atendimento ao Usuário, que oferece socorro médico, atendimento a veículos com problemas mecânicos, viaturas e equipes de apoio à Polícia Rodoviária Federal na apreensão de animais soltos na pista, veículos para combate a incêndio, viaturas de inspeção de tráfego (que realiza periódica vistoria de cada trecho) e telefone 0800 para solicitar atendimento. Tudo operando 24 horas.
Considerando as cinco rodovias federais, foram registradas, em termos globais, mais de 428 mil ocorrências, resultando em 543 mil atendimentos ou deslocamentos de veículos de auxílio a usuários. O saldo consolidado referese ao primeiro ano de operação do trecho da Régis Bittencourt, Fernão Dias, Fluminense (BR-101, da Ponte Rio-Niterói até a divisa RJ/ES), Planalto Sul (BR-116, de Curitiba até a divisa SC/RS) e Litoral Sul (BR-116, BR-376 e BR-101). O número corresponde a pouco mais de um atendimento por minuto.
A maior quantidade de chamadas (35 mil casos) foi para atendimento a veículos com panes elétricas, panes secas, panes mecânicas e pneus furados. A segunda maior demanda foi de retirada de animais na pista com 3.364 casos. Em relação a acidentes, foram realizados 1.858 atendimentos a ocorrências sem vítima, 1.168 a ocorrências com vítima e 110 atendimentos a acidentes com vítimas fatais.

Obras emergenciais

No que se refere às obras, o contrato de concessão prevê de investimentos da ordem de R$ 4,2 bilhões, nos primeiros cinco anos, para recuperação, ampliaçãoe melhoria das cinco rodovias. Ao longo dos 25 anos de operação privada, estão previstos investimento de R$ 16,7 bilhões, nas cinco concessões. Somente em 2008, os investimentos globais, realizados pela OHL Brasil, nas cinco rodovias, somaram R$ 528. Para 2009, espera-se um investimento de R$ 1,2 bilhão.
Nessa primeira etapa da concessão, a maior parte dos recursos foi aplicada, nos primeiros seis meses, em obras emergenciais que incluem a melhoria da pavimentação das pistas, sinalização vertical (placas, indicadores etc.), sinalização horizontal (pintura de faixas de rolamento), iluminação e dispositivos de segurança, entre outros. De acordo com o PER – Programa de Exploração Rodoviária, definido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), estas intervenções têm necessariamente que ser executadas antes da autorização para o início da cobrança de pedágio, com o objetivo de eliminação dos problemas emergenciais que impliquem em riscos pessoais e materiais iminentes, provendo-a dos requisitos mínimos de segurança e conforto aos usuários.
Na Autopista Fluminense, por exemplo, as obras priorizaram a recuperação do pavimento, da sinalização vertical e horizontal, os serviços de tapa-buraco, execução de barreiras de concreto, implantação de defensas metálicas e implantação de tachas refletivas. Também foram feitas recuperação de passarelas, limpeza de bueiros assoreados, recuperação de aterros, recomposição das obras de drenagem superficial, roçada e limpeza de faixa de domínio, execução de cercas, recuperação dos sistemas elétricos e de iluminação existentes. Quatro postos da Policia Rodoviária Federal (PRF) foram reformados.
Na Autopista Fernão Dias, as obras se concentraram na recuperação da iluminação do túnel da Mata Fria, recomposição da cortina atirantada no km 64, recuperação de pavimento, sinalização vertical e horizontal, serviços de tapa-buraco, execução de barreiras New Jersey, implantação de defensas metálicas e implantação de tachas refletivas. Como na Autopista fluminense, também foram executadas intervenções para a recuper

ação de passarelas, limpeza de bueiros assoreados, recuperação de aterros, roçada e limpeza de faixa de domínio, execução de cercas. A concessionária bancou a reforma dos postos avançados da Polícia Rodoviária Federal.
Já foram implantadas as rotas de inspeção de tráfego, até 2010 está prevista a implantação das balanças (sistema de pesagem). Painéis de mensagens variáveis fixos (PMV) serão instalados até 2011, bem como um sistema de detecção de altura, sensoriamento meteorológico e circuito fechado de TV. Até 2012 está prevista a implantação de telefonia de emergência (call box).
Na Autopista Régis Bittencourt foram oito os postos da Polícia Rodoviária Federal reformados, e dois de pesagem. Para aumentar a segurança dos usuários, a concessionária promoveu a recuperação de pavimento, execução de barreiras New Jersey, implantação de defensas metálicas e de tachas refletivas. Cercas foram colocadas ao longo de vários trechos da faixa de domínio, que foi roçada e limpa. Várias passarelas e obras de arte especiais (guarda corpo e guarda rodas) foram recuperadas.
Nesta rodovia tem sido implantada a "Operação Descida/Subida" na Serra do Cafezal, em ocasiões de intensidade de tráfego no sentido São Paulo/Curitiba, em feriados. A administração fez a identificação de locais críticos para melhoria de sinalização vertical e horizontal e instalação de dispositivos de segurança.
Obras semelhantes aconteceram na Autopista Litoral Sul, onde a concessionária investiu na implantação de nova sinalização vertical (placas), na recuperação da sinalização horizontal, com pintura de faixas e colocação de tachas refletivas, desobstrução e limpeza de todo o sistema de drenagem da rodovia, roçada e capina periódica da faixa de domínio. As obras aconteceram prioritariamente no ponto mais crítico da rodovia, que é o trecho de serra da BR-376.
Foi feita ainda a recuperou a iluminação do túnel do Morro do Boi. Em função das fortes chuvas de novembro e dezembro de 2008, foram executadas obras emergenciais de recuperação de taludes, do pavimento e do sistema de drenagem. Foram instaladas defensas metálicas, tachas refletivas, telas antiofuscantes sob passarelas e reformados postos avançados da PRF e dos postos de pesagem.
As chuvas também foram um complicados na Autopista Planalto Sul, onde foram necessárias Brás de recuperação de pavimento, sinalização vertical e horizontal, serviços de tapa-buraco. O trecho mais crítico fica entre Curitiba (PR) e Mandirituba (PR). A concessionária implantou tachas refletivas, recuperou o sistema de drenagem, fez roçada e limpeza de faixa de domínio. Foram instaladas cercas e reformados postos avançados da PRF e de pesagem.

Obras de médio e grande porte

Além das obras emergenciais, no médio e longo prazo, estão previstas, para as cinco concessões, a duplicação de 232 km de estradas, a construção de terceira faixa em outros 271 km, 62 trevos, 167 km de contornos/variantes, 159 passarelas e 45 postos de SAU.
Na Régis Bittencourt, por exemplo, o destaque será a duplicação do trecho da Serra do Cafezal, em São Paulo. A obra, de elevado grau de complexidade e que demandará licenças ambientais, vai eliminar um gargalo no tráfego da rodovia que liga dois dos mais importantes portos do País: Santos e Paranaguá. Nesta rodovia, será feito também o Contorno Norte de Curitiba, serão construídas 50 passarelas sobre pista dupla, 25 delas nos primeiros dois anos, e terceira faixa em 104 km.
Na Fernão Dias, a construção do Contorno de Betim, em Minas Gerais, vai melhorar o tráfego na região e dar agilidade a este corredor que faz a ligação entre Belo Horizonte e São Paulo. Serão construídos também 94 km de ruas laterais, 50 passarelas e terceira faixa em 88 km.
Na Autopista Fluminense será feito o Contorno de Campos e serão duplicados 176 km de rodovia. Autopista Litoral Sul, o investimento mais importante será o Contorno de Florianópolis. Nesta rodovia serão também construídas 39 passarelas, terceira faixa em 30 km e 80 km de ruas laterais.Já na Autopista Planalto Sul, serão duplicados 25 km de rodovia e terceira faixa em 48 km.
Todas essas obras serão realizadas tendo como premissa o respeito ao meio ambiente e a visão de sustentabilidade. A monitoração do meio ambiente será realizada pelas respectivas concessionárias de forma contínua, com a apresentação periódica de relatórios de acompanhamento ambiental sobre todos os serviços realizados nas rodovias sob concessão.


Fonte: Estadão


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