Participação do Brasil será mais forte no ano da Copa

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A próxima Global Construction Summit, que poderá ocorrer no Brasil, possivelmente no Rio de Janeiro, dará visibilidade às condições da infraestrutura daqui e dos demais países da América Latina, e dos investimentos necessários às obras de engenharia que precisam ser realizadas

Empresários de diversas regiões do mundo, passando pelos Estados Unidos, Canadá, Austrália e pelos países considerados emergentes, saíram da última Global Construction Summit 2012, em Nova York, com uma visão do potencial de negócios que o mercado internacional da engenharia está gerando e que corresponde a cerca de 10% do PIB mundial (ver matéria na revista O Empreiteiro, edição OE 508).

A expectativa que eles manifestaram é de que a próxima conferência, cuja realização no Brasil poderia ser resultante de uma parceria entre a revistas O Empreiteiro e a ENR-Engineering News Record, permitiria o aprofundamento do debate iniciado em março último. 

O painel do Brasil, naquele encontro, teve a participação de José Ayres de Campos, diretor de infraestrutura e Energia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do empresário João Carlos de Mello, presidente da consultora Andrade & Canellas. Eles distinguiram o Brasil, tanto do ponto de vista de sua localização geográfica quanto da estabilidade econômica e da vigência do regime democrático, como um país que, sob esses aspectos, vem exercendo um forte atrativo para investidores que aqui buscam portos seguros para a ancoragem de seus negócios e investimentos.

 

*José Ayres

José Ayres de Campos, moderador do painel do Brasil e Região da América do Sul, contextualizou o potencial do mercado de investimentos, as particularidades de cada segmento da infraestrutura regional, as oportunidades e barreiras para a engenharia e a cadeia produtiva da construção, num ambiente de crescimento globalizado.

Observou que a visão setorial norte-americana a respeito do Brasil volta-se predominantemente para a importância do mercado e da economia locais, identificando as dificuldades aqui existentes para a operação de empresas estrangeiras. Segundo essa visão, a engenharia mais reconhecida aqui é aquela que agrega inovação e tecnologia, não deixando espaço para a engenharia de commodities, que é muito valorizada em  outras partes do mundo, como no  Oriente Médio e Norte da África. Ele salienta, no entanto, que “empresas especializadas em tecnologia da informação e sistemas de informática estão visualizando por aqui amplas oportunidades para atuar de forma competitiva”.

Sobre o evento propriamente dito, José Ayres diz que se tratou de encontro marcante pela discussão aberta que ensejou, permitindo colocar em discussão mercados especializados como o da Infraestrutura (transporte, saneamento e edificações); óleo, gás & energia, além de geração, transmissão e distribuição. “Foi ali enfatizada a responsabilidade pela ética e pela transparência dos negócios, além da responsabilidade das empresas e dos cidadãos para com a sociedade, os contratos firmados e o bem público”, frisou.

 

 

A ferramenta da gestão

João Carlos de Mello, presidente da Andrade & Canellas, manifestou-se sobre as perspectivas do Brasil em relação à energia, incluindo óleo e gás, ponderando que nos próximos dez anos os investimentos necessários, nesses segmentos, serão da ordem de US$ 600 bilhões. Mostrou como o Brasil está crescendo, quais são hoje as suas principais dificuldades diante da crise mundial e quais as oportunidades abertas para as empresas estrangeiras que pretendem atuar no mercado brasileiro.

 

*João Carlos de Mello

“Fiz aquelas ponderações”, afirma o empresário, “pensando em aprofundá-las em outra oportunidade – quem sabe? – na próxima Global Summit – por entender que as empresas representadas no evento de Nova York gostariam de ter uma visão, a mais ampla possível, de nossa realidade. Nesse sentido, apresentei uma série de previsões de investimentos, mostrei o que estamos realizando do ponto de vista de obras hidrelétricas e de outros empreendimentos na área da infraestrutura, e expus as possibilidades surgidas com a descoberta e a exploração do petróleo, sob a camada do pré-sal.”

Mas há um dado para o qual João Carlos de Mello chamou a atenção: os gargalos que têm travado historicamente obras prioritárias da infraestrutura. São eles a questão ambiental, cuja liberação do licenciamento ainda é dificultada pelo processo burocrático, e o problema da gestão.

“Hoje”, diz ele, “se faz o orçamento de uma obra. Uma empresa de engenharia vence o processo licitatório, mas invariavelmente a obra acaba não sendo executada segundo o orçamento previsto. O licenciamento é demorado, não há gestão competente e disso tudo advém o sobrepreço. Uma obra de engenharia deveria ser projetada e construída em cima do orçamento originalmente definido. Contudo, há burocracia demais no licenciamento e falta de gestão. Teríamos de sanar esses problemas para evitar o sobrepreço”.

O empresário considera que o Brasil – e por extensão, a América Latina – são mercados atraentes para os investidores estrangeiros. O Brasil, hoje, segundo ele, inspira confiança e segurança. É um ambiente melhor do que o dos outros países do Bric, Rússia, Índia e China, para obras e investimentos.
 

Fonte: Padrão


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