TAV na China: Estratégia de urbanização e desafios financeiros

TAV na China: Estratégia de urbanização e desafios financeiros

Compartilhe esse conteúdo

O Trem de Alta Velocidade (TAV) na China é muito mais do que um sistema de transporte de massa: ele é uma ferramenta de planejamento urbano e desenvolvimento econômico. A abordagem inovadora do governo chinês consiste em usar o TAV para limitar o crescimento exagerado das metrópoles, como Xangai, e incentivar o fortalecimento de cidades num raio de uma a duas horas de percurso.

Leia também: Governo chinês gastará 78% a mais em eficiência energética

Nas três regiões mais povoadas da China — Beijing ao norte, Xangai a leste e Guangzu ao sul — o TAV realmente criou uma economia conectada, onde a urbanização adensada segue o traçado dos trilhos. Um exemplo disso é Xangai, onde 75 milhões de pessoas vivem nas cidades satélites a apenas uma hora de distância. Para facilitar esse deslocamento, o governo central subsidia as passagens, tornando o aluguel em cidades vizinhas, por exemplo, até um terço do valor da capital econômica do país.

Desafios e Rentabilidade da Rede TAV

Apesar do sucesso em regiões densamente povoadas, a rede de TAV da China enfrenta grandes desafios financeiros. Um estudo da OCDE revela que o custo para construir uma linha que atinja 350 km/h é 90% maior do que uma que chegue a 250 km/h. Isso significa que velocidades mais altas só se justificam em linhas com mais de 100 milhões de passageiros/ano.

Por esse critério, a maior parte das linhas no oeste e norte da China são deficitárias. A estatal China Railway Corp., operadora da rede, tem uma dívida de trilhões de yuans. Apenas seis linhas são lucrativas, lideradas pela rota Beijing-Xangai, que se tornou o TAV mais rentável do mundo em 2016, com uma receita superior a US$ 1 bilhão.

Leia também: Aneel leiloa mais seis linhas de transmissão

O Problema das “Estações Fantasmas”

A busca pela expansão do TAV gerou um problema de planejamento: a existência de estações em regiões de baixa densidade demográfica, as chamadas “estações fantasmas”. Um exemplo é a estação de Xiaogan, na província de Hubei, que fica a 100 km do centro da cidade e não tem transporte de massa para o acesso. Em Suzhu, na província de Anhui, a estação foi construída a 45 km do centro, no meio do nada, forçando o governo a construir uma rodovia para tentar estimular o desenvolvimento. Esses casos demonstram os desafios de usar o TAV para forçar o crescimento econômico em áreas menos desenvolvidas.


Compartilhe esse conteúdo

Deixe um comentário