A proposta de transformar o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), no maior terminal aéreo da América do Sul voltou a ganhar força com os planos apresentados pela Infraero e pelo Ministério da Defesa. A previsão é de R$ 6,4 bilhões em investimentos ao longo de 20 anos, atendendo uma demanda estimada de 57 milhões de passageiros apenas em Viracopos, de um total de 115 milhões para os três principais terminais de São Paulo até 2025 (Congonhas, Guarulhos e Viracopos).
Trem de Alta Velocidade é essencial para viabilizar o projeto
Para que essa grandiosa expansão seja viável, o Trem de Alta Velocidade (TAV) entre São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro precisa sair do papel. A experiência internacional mostra que terminais distantes dos centros urbanos — como o Aeroporto de Narita, no Japão — só são eficientes com transporte rápido e confortável. Sem isso, Viracopos corre o risco de se transformar em um elefante branco.
Impactos sociais: desapropriações preocupam
Uma das grandes preocupações para viabilizar a expansão é a desapropriação de 88 propriedades rurais, 3.172 lotes urbanos e a remoção de 141 famílias próximas ao aeroporto. A questão é política e sensível, especialmente em anos eleitorais. Há receio de que o projeto emperre como ocorreu com outras propostas de infraestrutura nos últimos anos.
Lições de Cumbica e o impasse do terceiro aeroporto
O caso da terceira pista de Cumbica (Guarulhos) é um exemplo da dificuldade de realizar grandes obras aeroportuárias no Brasil. A necessidade de desapropriar 25 mil pessoas inviabilizou o projeto. O mesmo pode acontecer com a construção de um terceiro aeroporto em São Paulo, prometido desde 2007, mas ainda sem definição.
O projeto de ampliação de Viracopos tem alto potencial logístico e pode consolidar o terminal como hub internacional de cargas e passageiros, mas depende diretamente da viabilização do TAV e de decisões políticas estratégicas. Em um cenário de crescimento da aviação e sobrecarga dos atuais terminais, Viracopos surge como solução, mas precisa superar entraves logísticos, sociais e políticos para sair do papel.