Retomo o tema dos projetos de engenharia, desta vez induzido por reportagem publicada no jornal O Estado de S. Paulo de hoje. Revela a reportagem que no período de 2008 a 2010 foram adicionados 3 mil aditivos a 2,2 mil contratos de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Aditivos, a gente sabe, são aqueles recursos pelos quais se procura justificar a necessidade de mudanças em projetos, com as consequentes alterações de cronogramas e, naturalmente, de preços, que acabam jogados lá para o alto.
Vamos considerar que, em alguns casos, absolutamente exceções, haja necessidade de aditivos. Problemas, afinal, acontecem. Mas, vamos e convenhamos: 3 mil aditivos em 2,2 mil contratos vai além, mas muito além, de qualquer exagero.
A alma da obra é o projeto, que deverá ser elaborado em cima de estudos e sondagens que levem em conta todas as variáveis para ao final resultar em uma peça bem acabada e sem margem de equívocos. Se o contratante recebe um projeto mal elaborado e que não reflete, em sua integridade, as especificidades previstas para a obra, certamente ele deverá ser objeto de correções futuras, o que vai gerar os famigerados aditivos.
Por isso, tem que haver rigor na elaboração do projeto básico e no projeto executivo.
Quero reiterar o que disse aqui, há alguns dias, depois de ouvir uma aula do mestre José Roberto Bernasconi, sobre projeto, que ele chama de DNA do empreendimento:
"É erro crasso fazer projeto de uma estrada, sem o conhecimento do traçado, das passagens que deverão ser subterrâneas, das travessias sobre cursos d´água. O conhecimento in loco, obtido com os pés no chão, teria evitado os males que hoje são descobertos e que são creditados aos aditivos escandalosos, posto que encarecedores de obras pelo País afora."
Fonte: Estadão