Vamos lembrar aqui um tema recorrente: o desconforto nas estações do metrô paulistano. Mas não é apenas ali que ele é detectado. O desconforto está nos acessos e é mais intenso, absolutamente intolerável, na estação Sé e em outras de demanda crescente. Tem havido, assim, um sistemático, permanente desconforto, dentro dos vagões. Ainda não sabemos até quando esse problema se prolongará. Acaso terá um fim? A imaginação do usuário não se arriscaria a fazer prognóstico otimista no longo prazo.
Algumas estações foram projetadas com 15 ou mais de 20 anos de atraso. Concebidas defasadas, acabaram construídas mantendo a defasagem. A estação Butantã, da Linha 4 (Amarela), é exemplo que podemos considerar “notável”. Possivelmente apostava-se que elas permitissem algum conforto naqueles horários intermediários, entre a manhã e o final do dia. Mas, na maior parte das estações, isso não acontece. O “pico” dificilmente se altera. Não dá trégua para o usuário.
Mas, o que é pior, pode piorar um pouco mais. Hoje leio no jornal O Estado de S. Paulo que uma solução para o desafogo é a anti-solução. Os novos trens que estão chegando a fim de beneficiar a população vêm sendo entregues com 100 bancos a menos. São criados, assim, espaços mais amplos para os usuários viajarem de pé. De pé e apertados uns contra os outros, num processo de asfixia geral.
Um engenheiro da área de Transportes concorda com a solução. Para ele, falar em conforto para alguns, sentados, e desconforto para os demais, de pé, não tem sentido. Tem sentido, seguindo esse raciocínio, o esmagamento coletivo.
Obras de mobilidade urbana
A mobilidade urbana não pode ter data marcada. Precisa ser um programa continuado de investimentos. A Copa do Mundo foi um parâmetro, que ofereceu um cronograma. É necessário, passado o evento internacional, cuidar-se da continuidade das obras inconclusas e de outras mais, a fim de que recursos previstos não sejam desviados para outros fins ou não se esgotem, com a justificativa de que o que tinha de ser feito, acabou sendo feito. Depois da Copa, vamos conferir.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira