Está aí um caso estranho. A lógica não oferece uma explicação plausível. Refiro-me à paralisação das obras do metrô de Salvador, na Bahia, que o grupo CCR pode retomar, a depender do pregão de hoje na Bovespa. Por que as obras pararam? E, sobretudo, por que ficaram tanto tempo paradas? As explicações são muitas, mas jamais aceitáveis pela população.
Inaceitáveis porque elas estão ali, visíveis e, aparentemente, sem qualquer motivo para ficarem ao longo de 13 anos relegadas ao abandono e às intempéries. Parte das estruturas ficou pronta; os trilhos foram assentados; algumas estações também ficaram concluídas ou, ao menos, parcialmente concluídas e carros foram adquiridos, mas o metrô, iniciado no ano 2000, só tem 6 km prontos. Se imaginarmos que o projeto é mais antigo, o mistério se aprofunda. E vai aprofundar-se ainda mais, na medida em que se comece a contar o gordo volume de dinheiro ali aplicado. Cerca de R$ 1 bilhão está ali sepultado, além dos famigerados aditivos.
Dizem que agora, caso a CCR assuma as obras, ele será concluído. Mas não será tarefa fácil. Terão de ser construídos ainda 12 km da linha 1 e 28 km da linha 2. A CCR sabe como fazer para colocar aquele metrô nos trilhos. Leva para lá a experiência da linha 4 do metrô paulistano (construção e operação). Mas o governo local não pode cruzar os braços. Há a questão dos acessos e de outras obras, pois o metrô, isolado, não resolverá o problema do caos do trânsito da capital baiana.
Outro dado chama a atenção: para a conclusão da linha 1 e construção da linha 2 será necessário aplicar R$ 3,6 bilhões. Embora o contrato siga a modalidade das parcerias público-privadas, o governo federal não terá como tirar o corpo fora desses compromissos, pois a maior parte dos financiamentos será bancada por ele. Resumo da ópera: haja dinheiro público e haja brasileiro para ser esfolado pelos impostos até os ossos.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira